03.09.2015 Views

REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

Reforma-política-BAIXA

Reforma-política-BAIXA

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Desconcentrar o sistema, concentrando prerrogativas 127<br />

2. grande liberdade dos comitês financeiros (constituídos pelos partidos/coligações)<br />

na canalização de recursos para as várias campanhas; e<br />

3. forte impacto do gasto eleitoral sobre a votação esperada de um candidato<br />

a deputado ou vereador.<br />

Reformar?<br />

Depois de certo tempo relativamente fora das cogitações, a lista fechada fez<br />

sua reentrada no debate brasileiro sobre a reforma política em 2003, como um<br />

dos dois pilares da proposta aprovada em comissão especial da Câmara dos<br />

Deputados. Relatada pelo então deputado Ronaldo Caiado (do PFL de Goiás),<br />

ficou conhecida como “proposta Caiado”. Instaurada no início do governo<br />

Lula com o propósito de consolidar num único projeto as várias propostas de<br />

reforma do sistema eleitoral que então tramitavam no Congresso, a comissão<br />

operou por dez meses, fez 26 reuniões, abrigou sete audiências públicas e propiciou<br />

o último acordo entre os grandes partidos que o Brasil assistiu nessa<br />

matéria. Com o trabalho pautado fundamentalmente pelo aprimoramento<br />

dos controles sobre o financiamento de campanhas, a comissão – respaldada<br />

pelo raro endosso simultâneo de PFL, PMDB, PSDB e PT – encaminhou<br />

projeto ancorado em duas propostas principais: (1) financiamento exclusivamente<br />

público das campanhas eleitorais; e (2) listas preordenadas. Outras<br />

propostas se agregavam a elas, como a criação das federações partidárias (mais<br />

duradouras, em lugar das efêmeras coligações), mas aquelas duas propostas<br />

constituíam o fulcro do projeto, em torno do qual tudo mais girava.<br />

Por que uma comissão da Câmara, composta pelos vitoriosos da última<br />

eleição, estaria interessada em mudar o financiamento? Segundo a estimativa<br />

disponível sobre “caixa dois” à época, cerca de 80% dos recursos utilizados<br />

em campanhas eleitorais, em 2002, não chegavam a ser declarados nas prestações<br />

de contas (Samuels, 2003). É fácil imaginar as dificuldades, os riscos<br />

e o enviesamento da disputa em favor do poder econômico que tal estado de<br />

coisas propicia. E é compreensível que, dada a falta de massa crítica relativa<br />

a esse tema, a comissão tenha-se refugiado numa proposta simples, intuitiva,<br />

embora aparentemente sem paralelo entre democracias modernas: o financiamento<br />

exclusivamente público das campanhas eleitorais. Tomada essa decisão,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!