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REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

Reforma-política-BAIXA

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194 Reforma política democrática<br />

e às eleições. A reforma teria dois alvos essenciais: a) aprofundar a representatividade<br />

democrática, bem como a qualidade da democracia (transparência,<br />

participação); b) ampliar a eficiência e a estabilidade das instituições.<br />

Tais objetivos não são facilmente conciliáveis. Fábio Wanderley Reis ressaltou<br />

esse ponto ao mostrar, no debate brasileiro contemporâneo, a tensão entre<br />

a finalidade de aprofundar a representatividade democrática e a finalidade de<br />

ampliar a eficiência e a estabilidade das instituições. O importante, a seu ver, é<br />

garantir o equilíbrio entre as duas perspectivas levando em conta as condições<br />

concretas do país. O problema político-administrativo não se reduz à eficiência<br />

ou à boa governança, como se fosse matéria meramente técnica. Nem a<br />

defesa do aprofundamento da democracia pode ignorar o critério da eficiência,<br />

sob pena de comprometer a própria democracia. (Reis, 2003, p. 15-17).<br />

O Brasil já atravessou vários ciclos de reformas políticas. Esses ciclos penderam<br />

alternadamente para o lado da democratização e para o lado da eficiência/estabilidade.<br />

Com relação ao número de partidos, a reconstitucionalização<br />

de 1945-1946 favoreceu um sistema partidário relativamente amplo. Havia<br />

13 partidos em 1964, quando se iniciou um novo ciclo, em sentido contrário,<br />

que resultou na fórmula do bipartidarismo com sublegendas para acomodar<br />

correntes internas.<br />

Em 1979, o pêndulo se moveu novamente, com a abertura controlada do<br />

regime ditatorial, que deu espaço para o funcionamento de cinco partidos.<br />

Esse ciclo se acelerou em 1985 até chegar à Constituição de 1988. A democratização<br />

ampla era a meta; o lema era “remover o entulho autoritário”.<br />

Então, foram adotadas regras políticas bastante liberais quanto aos partidos<br />

e às eleições.<br />

A partir da Constituição de 1988, a discussão tem convergido em direção<br />

a regras limitadoras. O ciclo atual começou com a anunciada revisão da Constituição<br />

em 1993. A revisão constitucional não chegou a acontecer, mas desde<br />

então foi construída toda uma agenda de reformas que visa primordialmente a<br />

dotar as instituições políticas brasileiras de maior consistência e eficácia, o que<br />

significa em boa medida apertar controles que o ciclo anterior de democratização<br />

deixou deliberadamente frouxos. É nesse contexto que se observa a frequente<br />

circulação de opiniões, na imprensa e em redes sociais, favoráveis à redução do<br />

número de partidos. Um movimento de opinião parecido com o do pós-1964.

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