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Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

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10 de maio de 1928<br />

162<br />

(Carta 43)<br />

Queridíssima mae,<br />

estou para partir para roma 59 . Já está confirma<strong>do</strong>. Concedêrom-me<br />

esta carta precisamente para anunciar o trasla<strong>do</strong>. É<br />

por isso que, de agora em diante e enquanto nom te avisar<br />

<strong>do</strong>utro trasla<strong>do</strong>, escreve-me para roma.<br />

ontem recebim umha registrada de Carlo de 5 de maio.<br />

escreve que me mandará umha fotografia tua: fará-me mui<br />

feliz. a esta hora já deve ter chega<strong>do</strong> a fotografia de delio que<br />

che enviei há uns dez dias, registrada.<br />

Queridíssima mae, nom gostaria de repetir o que já che<br />

escrevim para tranquilizar-te em relaçom às minhas condiçons<br />

físicas e morais. Gostaria, para estar mesmo tranquilo, de que<br />

nom te assustasses ou te turbasses demasia<strong>do</strong>, seja qual for a<br />

condena que me imponham. Que compreendesses bem, também<br />

com o sentimento, que fum deti<strong>do</strong> por razons políticas<br />

e serei condena<strong>do</strong> por razons políticas, que nom tenho nem<br />

terei nunca que avergonhar-me desta situaçom. Que, no fun<strong>do</strong>,<br />

o arresto e a condena quigem-nas eu mesmo, em certa maneira,<br />

porque nunca quigem mudar as minhas opinions; por<br />

elas estaria disposto a dar a vida e nom só a estar em prisom.<br />

Que por isso nom po<strong>do</strong> senom estar tranquilo e contento de<br />

mim mesmo. Querida mae, gostaria mesmo de abraçar-te mui<br />

forte, para que sentisses o muito que te quero e como gostaria<br />

de te consolar desta pena que te causo: mas nom pudem fazer<br />

de outra maneira. a vida é assim, duríssima, e os filhos em<br />

ocasions tenhem que dar grandes desgostos às suas maes, se<br />

quigerem conservar a sua honra e a sua dignidade de homens.<br />

59 G. deixou o cárcere judiciário de Milám na noite de 11 de maio de 1928.

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