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Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

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cer-te ao longe, com palavras frias e insípidas, de que também<br />

tu és forte e podes, e deves, superar a crise. e logo obceca-me<br />

o pensamento <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>. Lembras o nascimento de delio e<br />

o carrinho (mas como pudeche esquecer que em abril de 1925<br />

o levamos juntos de passeio naquele carrinho a um jardim<br />

próximo à tverskaia-Yamskaia?), 96 e Bianco e os <strong>do</strong>ze rublos<br />

que tomache em empréstimo? e por que rejeitache tam tenazmente<br />

a ajuda que che mandara através de Bianco? sei que foi<br />

porque nom conseguim impor-me sobre ti e fazer com que<br />

reconhecesses o meu direito a ajudar-che? acho que naquela<br />

altura recebera 8.200 liras de indemnizaçom jornalística e<br />

que as destinara totalmente ao novo jornal 97 . Por que permitim<br />

que contraísses dívidas de 12 rublos, enquanto eu gastava<br />

8.200 liras no jornal, enquanto eu podia ter gasta<strong>do</strong>, sem dificuldade<br />

nengumha e também cumprin<strong>do</strong> com o meu dever,<br />

apenas 50%? Isto tu<strong>do</strong> fai que me irrite agora com quem era<br />

naquele tempo e fai-me ver como as nossas relaçons eram de<br />

umha incongruência e de um romantismo bem atroz. É verdade<br />

que entom nom me mencionache esses <strong>do</strong>ze rublos; polo<br />

contrário, riche de mim polas minhas «pretensons» de ajudarche,<br />

mas agora sinto que deveria ter encontra<strong>do</strong> a maneira de<br />

impor-che também aquilo que nom querias.<br />

seja como for, tés razom porque no nosso mun<strong>do</strong>, no<br />

meu e no teu, toda a debilidade é <strong>do</strong>lorosa e toda a força<br />

umha ajuda. acho que a nossa maior desgraça foi a de ter esta<strong>do</strong><br />

juntos demasia<strong>do</strong> pouco, e sempre em condiçons gerais<br />

96 em março-abril de 1925, G. realizara umha segunda viagem à Uniom soviética.<br />

a tverskaia-Yamskaia, hoje rua Gorki, era umha das principais avenidas<br />

de Moscovo; a família schucht morava no número 14.<br />

97 trata-se, quase com certeza, <strong>do</strong> jornal L’Unità, que começou a sair no dia<br />

12 de fevereiro de 1924 e cujo título fora sugeri<strong>do</strong> polo próprio G.<br />

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