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Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

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Procurarei responder as outras questons que me colocas a<br />

propósito de Croce, embora nom entenda bem a importáncia<br />

disso e até creio ter-lhes da<strong>do</strong> já resposta nas notas anteriores.<br />

relê o ponto em que mencionas a atitude mantida por<br />

Croce durante a guerra e olha se de maneira implícita nom<br />

se contém a resposta a umha parte das tuas perguntas atuais.<br />

a rutura com Gentile produziu-se em 1912, e é Gentile quem<br />

se separou de Croce, procuran<strong>do</strong> tornar-se filosoficamente<br />

independente. Nom penso que Croce mudasse a orientaçom<br />

desde aquele tempo em diante, embora definisse melhor as<br />

suas <strong>do</strong>utrinas; umha mudança mais notável é a acontecida<br />

desde 1900 a 1910. a chamada «religiom da liberdade» nom<br />

é um acha<strong>do</strong> destes anos, é o resumo numha fórmula drástica<br />

<strong>do</strong> seu pensamento de sempre, desde o momento em que<br />

aban<strong>do</strong>nou o catolicismo, como ele mesmo escreve na sua<br />

autobiografia intelectual (Contributo alla critica di me stesso).<br />

Nem sequer nisto vejo que Gentile nom concorde com Croce.<br />

acho que dás umha interpretaçom inexata à formula «religiom<br />

da liberdade» já que lhe concedes um conteú<strong>do</strong> místico<br />

(igualmente, poderia acreditar-se polo facto que mencionas<br />

um «refúgio» nesta religiom e portanto numha espécie de<br />

«fuga» <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, etc.). Nada disso. religiom da liberdade<br />

significa simplesmente fé na civilizaçom moderna, que nom<br />

precisa transcendências e revelaçons, mas que contém em si<br />

própria a própria racionalidade e a própria origem. É, portanto,<br />

umha fórmula antimística e, se quigeres, antirreligiosa.<br />

Para Croce, qualquer visom <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, qualquer filosofia,<br />

em tanto se converte numha norma de vida, numha moral, é<br />

«religiom». as religions no senti<strong>do</strong> confessional som também<br />

elas «religions», mas «mitológicas», portanto num certo senti<strong>do</strong><br />

«inferiores», primitivas, quase correspondentes com umha<br />

infáncia histórica <strong>do</strong> género humano. as origens de semelhan-<br />

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