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Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

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ao céu» 120 . a lei <strong>do</strong> taliom em Cavalcanti e em Farinata é esta:<br />

por ter queri<strong>do</strong> ver o futuro (teoricamente) som priva<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

conhecimento das cousas da terra durante um determina<strong>do</strong><br />

tempo, isto é, vivem num cono de sombra, desde cujo centro<br />

vem o passa<strong>do</strong> além de um certo limite, e vem o futuro além<br />

de outro limite semelhante. Quan<strong>do</strong> dante se aproxima deles,<br />

a posiçom de Cavalcanti e de Farinata é esta: no passa<strong>do</strong> vem<br />

Gui<strong>do</strong> vivo, mas no futuro vem-no morto. Mas nesse momento<br />

Gui<strong>do</strong> é morto ou vivo? Veja-se a diferença entre Cavalcanti<br />

e Farinata: Farinata, quan<strong>do</strong> sente falar em florentino,<br />

volta a ser o homem de parti<strong>do</strong>, o herói guibelino; Cavalcanti,<br />

polo contrário, só pensa em Gui<strong>do</strong> e, quan<strong>do</strong> sente falar em<br />

florentino, ergue-se para saber se Gui<strong>do</strong> está vivo ou morto<br />

nesse momento (eles podem informar-se através <strong>do</strong>s recém<br />

chega<strong>do</strong>s 121 ). o drama vivi<strong>do</strong> por Cavalcanti é rapidíssimo,<br />

embora de umha intensidade inefável. ele pergunta depressa<br />

por Gui<strong>do</strong> e aguarda que esteja com dante, mas quan<strong>do</strong> ouve<br />

<strong>do</strong> poeta, que nom está informa<strong>do</strong> com exatitude da pena, o<br />

«tivo» 122 , o verbo no passa<strong>do</strong>, depois de um grito dilacerante<br />

«de costas recaia, e novamente nom mostrou-se fora».<br />

3. Na primeira parte <strong>do</strong> episódio, o «desprezo de Gui<strong>do</strong>»<br />

converte-se no centro das pesquisas de to<strong>do</strong>s os fabricantes<br />

de hipóteses e contributos; na segunda parte, igualmente, a<br />

previdência de Farinata sobre o exílio de dante atirou toda a<br />

120 o texto <strong>do</strong> Canto X di: «ed ei [Farinata] s’ergea col petto e con la fronte/<br />

com’avesse lo inferno in gran dispitto»; o «inferno» e nom «o ceu», como parafraseia<br />

Gramsci.<br />

121 dante e Virgílio.<br />

122 Cavalcanti perguntou dante polo seu filho Gui<strong>do</strong> e por que nom está<br />

consigo. e dante responde-lhe: «...perto me aguarda quem meus passos guia,<br />

vosso Gui<strong>do</strong> talvez teve-o em desdenho» (ebbe a disdegno). [traduçom de José<br />

Pedro Xavier Pinheiro].<br />

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