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Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

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deche mui bem. Porém, devo dizer que é difícil para qualquer<br />

pessoa compreender estas cousas à perfeiçom, porque concorrem<br />

demasia<strong>do</strong>s elementos para formá-las, e muitos deles som<br />

quase impossíveis de imaginar; tanto menos é possível, certamente,<br />

imaginar o conjunto em que se combinam. Nestes dias,<br />

justamente, lim um livro, Dal 1848 al 1861, em que se recolhem<br />

cartas, escritos, <strong>do</strong>cumentos relativos a silvio spaventa 79 , um<br />

patriota abruzzês, deputa<strong>do</strong> no Parlamento napolitano <strong>do</strong> 48,<br />

deti<strong>do</strong> após o falhanço <strong>do</strong> alçamento nacional, condena<strong>do</strong> a<br />

prisom perpétua e libera<strong>do</strong> em 1859 polas pressons da França<br />

e da Inglaterra; a seguir, ministro <strong>do</strong> reino e umha das personalidades<br />

mais salientes <strong>do</strong> parti<strong>do</strong> liberal de direita até o<br />

1876. Pareceu-me que em muitas cartas, com a linguagem <strong>do</strong><br />

tempo, quer dizer, um tanto romántica e sentimental, exprime<br />

à perfeiçom uns esta<strong>do</strong>s de ánimo semelhantes àqueles polos<br />

que passo amiúde. Por exemplo, numha carta ao pai de 17 de<br />

julho de 1853 escreve: «de vós, nom tenho notícias desde há<br />

<strong>do</strong>us messes; desde há quatro, ou talvez mais, das irmás; e,<br />

desde há algum tempo, de Bertran<strong>do</strong> (seu irmao). achades<br />

vós que para um homem como eu, que me prezo de ter um<br />

coraçom afetuoso e em plena juventude, esta privaçom nom<br />

há de tornar-se excessivamente <strong>do</strong>lorosíssima? Nom penso<br />

que seja agora menos ama<strong>do</strong> <strong>do</strong> que o fum sempre pola minha<br />

família; mas a desventura costuma ter <strong>do</strong>us efeitos, que<br />

amiúde deixam apagar qualquer afeto polo desventura<strong>do</strong>s e,<br />

nom menos amiúde, apaga nos desventura<strong>do</strong>s qualquer afeto<br />

por to<strong>do</strong>s. Nom temo o primeiro destes <strong>do</strong>us efeitos em vós<br />

mas o segun<strong>do</strong> em mim; depois <strong>do</strong> qual, sequestra<strong>do</strong> como<br />

estou aqui de qualquer trato humano e amoroso, o grande té-<br />

79 silvio spaventa, Dal 1848 al 1861. Lettere, scritti, <strong>do</strong>cumenti, publica<strong>do</strong>s por<br />

Benedetto Croce, Laterza, Bari, 1923.<br />

200

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