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Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

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que nom me escreves qualquer cousa certa e precisa? Mencionas,<br />

tam de passagem, que em finais de julho terás lugar<br />

no sanatório. o que me fai dano é o facto de a minha vida depender,<br />

de qualquer cousa burocrática, nom apenas e especialmente<br />

de quem nom po<strong>do</strong> esperar nada bom, mas também<br />

daqueles de quem espero algo bom. em qualquer caso, fai o<br />

que quigeres. abraço-te<br />

antonio<br />

É verdade que estou sempre descontente e irritável: a tua carta<br />

devia polo menos tranquilizar-me em parte. Nom te irrites<br />

também tu; nom quero fazer-che dano de nengumha maneira.<br />

Gostaria de conhecer de maneira mui exata o esta<strong>do</strong> de saúde<br />

de delio.<br />

[Verao de 1936]<br />

•<br />

(Carta 146)<br />

Querida Giulia,<br />

nom sei o que podes ter entendi<strong>do</strong> na minha expressom «acabar<br />

um ciclo da vida», mas parece-me que nom a entendeche<br />

exatamente e que deche à expressom um significa<strong>do</strong> demasia<strong>do</strong><br />

trágico, que nom enten<strong>do</strong> mui bem. Para além disso, nom<br />

tés razom quan<strong>do</strong> dis que «nem a <strong>do</strong>ença nem outros feitos<br />

podem dividir umha vida humana em ciclos diferentes». Isto,<br />

por dizê-lo de umha maneira pedante, é evolucionismo vulgar<br />

e, sob a aparência de um otimismo racional, é umha forma de<br />

guintes um quarto em santu Lussurgiu.<br />

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