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Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

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23 de maio de 1932<br />

(Carta 111)<br />

Queridíssima tania,<br />

recebim o teu postal de 17 e a carta de 19. as notícias que che<br />

deu Carlo sobre as minhas condiçons de saúde som pouco<br />

claras; nom tivem ataques graves de áci<strong>do</strong> úrico, mesmo se é<br />

claro que a persistência <strong>do</strong> catarro intestinal deve estar relacionada<br />

com um excesso de acidez. Mas desde há algum tempo<br />

sofria de insónia, se se pode dizer assim; mais exatamente,<br />

nom durmo; nom porque nom tenha sono, mas porque o<br />

sono é interrompi<strong>do</strong> por causas externas 165 , e isso produziume<br />

um esta<strong>do</strong> de grande cansaço e esgotamento, que se mostrava<br />

mesmo exteriormente, se é que Carlo reparou nele. a<br />

questom é complexa, e poderei-che falar dela se vires à conversa.<br />

sobre a data da tua chegada, nom tenho particulares<br />

desejos; deves escolher tu o momento que che convenha de<br />

qualquer ponto de vista. Lim com grande interesse a carta de<br />

teu pai: é mui aliciante e cheia de observaçons estimulantes<br />

para a reflexom. Quanto ao que dis de que podia escrever-lhe,<br />

nom opino como tu. seria-me difícil explicar-che exaustivamente<br />

o porqué; nom gosto de escrever certas cousas numha<br />

carta <strong>do</strong> carcere.<br />

Nom me dixeche a tua opiniom sobre as notas escritas<br />

a propósito de Croce; em conjunto, fôrom-che úteis? seja<br />

como for, deves ter presente que nom podem ser completas e<br />

165 «G. ocupava a primeira cela <strong>do</strong> corre<strong>do</strong>r <strong>do</strong> primeiro andar, aquela por<br />

onde passava, de dia e de noite, toda a gente para as outras seçons. somente<br />

quan<strong>do</strong> estava de serviço algum guarda menos zeloso que os demais se limitava<br />

um pouco o tránsito, era menos barulhento, e Gramsci tinha menos problemas.»<br />

Cfr. Giovanni Lay, «Colloqui con Gramsci nel carcere di turi», Rinascita,<br />

núm., 20 de fevereiro de 1965.<br />

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