12.05.2013 Views

Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

a partir de 1815, isto é, a partir da restauraçom? se pode escrever-se<br />

umha história da europa como formaçom de um bloco<br />

histórico, nom pode excluir a revoluçom francesa e as guerras<br />

napoleónicas, que som a premissa «económica-jurídica» <strong>do</strong><br />

bloco histórico europeu, o momento da força e da luita. Croce<br />

assume o momento seguinte, no qual as forças desencadeadas<br />

com anterioridade fôrom equilibradas, «catartizadas», por assim<br />

dizer; deste momento fai um facto em si e construi o seu<br />

paradigma histórico. o mesmo figera com a Storia d’Italia: ao<br />

começar a partir de 1870, ela desleixava o momento da luita,<br />

o momento económico, para ser a apologética <strong>do</strong> momento<br />

puro ético-politico, como se este tivesse caí<strong>do</strong> <strong>do</strong> céu. Croce,<br />

naturalmente com todas as sagacidades e a habilidade da<br />

linguagem crítica moderna, fijo nascer umha nova forma de<br />

história retórica; a sua forma atual é precisamente a História<br />

especulativa. Isso vê-se ainda melhor se for examina<strong>do</strong> o conceito<br />

«histórico» que está no centro <strong>do</strong> livro de Croce, isto é,<br />

<strong>do</strong> conceito de «liberdade»; Croce, em contradiçom consigo<br />

mesmo, confunde «liberdade» como princípio filosófico ou<br />

conceito especulativo e liberdade como ideologia, quer dizer,<br />

instrumento prático de governo, elemento de unidade moral<br />

hegemónica. se toda a história é história da liberdade, quer<br />

dizer, <strong>do</strong> espírito que se cria a si próprio (e nesta linguagem<br />

liberdade é igual a espírito, espírito é igual a história e história<br />

é igual a liberdade), por quê a história europeia <strong>do</strong> século XIX<br />

seria só história da liberdade? Nom será, por consequëncia,<br />

história da liberdade em senti<strong>do</strong> filosófico, mas da autoconsciência<br />

desta liberdade e da difusom desta autoconsciência<br />

sob a forma de umha religiom nas camadas intelectuais e de<br />

umha superstiçom nas camadas populares que se sentem uni<strong>do</strong>s<br />

a esses intelectuais, que se sentem participantes num bloco<br />

político <strong>do</strong> qual esses intelectuais som os porta-bandeira e<br />

345

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!