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Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

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25 de abril de 1932<br />

(Carta 108)<br />

Queridíssima tania,<br />

recebim os teus postais de 17 e de 22 de abril. recebim também<br />

alguns livros, como me anunciaras. e entom, como che<br />

véu a tosse? aqui o tempo continua a ser mui variável; se calhar<br />

estivo assim também em roma e cuidarias pouco da tua<br />

saúde. estou contente com que a minha carta lhe chegasse a<br />

delio; veremos se responde e se é possível, mesmo com tantas<br />

peripécias, estabelecermos umha correspondência.<br />

ainda nom sei se as notas que escrevim sobre Croce<br />

fôrom <strong>do</strong> teu interesse e se som conformes às necessidades<br />

<strong>do</strong> teu trabalho: penso que deves dizir-mo e assim poderei<br />

guiar-me melhor. Para além disso, considera que se trata de<br />

esboços e de ideias que teriam de ser desenvolvidas e completadas.<br />

escrevo-che um parágrafo também desta vez; mais tarde<br />

darás-lhe um jeito, da maneira que achares mais oportuna.<br />

em minha opiniom, umha questom mui interessante é a<br />

referida às razons <strong>do</strong> grande sucesso que tivo a obra de Croce,<br />

algo que nom acontece habitualmente aos filósofos enquanto<br />

vivem e que nomeadamente nom se produz com muita frequência<br />

fora <strong>do</strong> círculo académico. acho que umha das razons<br />

deve procurar-se no estilo. tem-se dito que Croce é o<br />

maior prosa<strong>do</strong>r italiano após Manzoni 160 . acho que a afirmaçom<br />

é verdade, com este matiz: que a prosa de Croce nom deriva<br />

da de Manzoni, mas polo contrário <strong>do</strong>s grandes escritores<br />

de prosa científica, e nomeadamente de Galilei. a novidade de<br />

Croce, quanto ao estilo, está no campo da prosa científica, na<br />

160 Cfr. Benjamin Crémieux, Panorama de la littérature italienne contemporaine,<br />

Kra, Paris, 1928, pp. 190-191.<br />

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