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Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

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forma violenta, até mesmo, um novo rumo à sua existência.<br />

e toda umha série de questons coordenadas seriam resolvidas.<br />

eu entraria novamente na minha «concha sarda». Nom<br />

quero dizer que nom sofreria. Mas cada dia que passa fai com<br />

que me sinta mais insensível e adaptável. Poderia suportá-lo.<br />

Habituaria-me. Já reduzim em grande medida a «carcerite», e<br />

nos últimos dias percebim que estou, deste ponto de vista, melhor<br />

<strong>do</strong> que pensava. de resto, nom perdim ainda demasiada<br />

sensibilidade para nom ser capaz ainda de compreender certas<br />

cousas. se calhar, dentro de um ano hei de estar completamente<br />

muda<strong>do</strong>, e nom terei a capacidade de sentir o que hoje<br />

ainda sinto, cain<strong>do</strong> no egoísmo mais grosseiro e animalesco.<br />

tu deves ter, neste caso, umha grande força de ánimo e deves<br />

ser absolutamente imparcial. deves pensar mui friamente isto<br />

que che escrevim, pensan<strong>do</strong> no porvir de Giulia e na sua vida.<br />

Nom sei o que decidirás fazer. aviso-te que nom vou escrever<br />

para Giulia antes de ter recebi<strong>do</strong> umha resposta tua. sei<br />

que che imponho umha grave responsabilidade, mas tenho<br />

a certeza de que podes assumi-la. Podes escrever para Giulia<br />

diretamente, ou comunicar-lhe esta carta minha de forma integral<br />

ou em parte.<br />

antonio<br />

•<br />

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