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Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

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aparência, como verás. escrevim-che já que to<strong>do</strong> o trabalho<br />

historiográfico de Croce nos últimos vinte anos foi dirigi<strong>do</strong> a<br />

elaborar umha teoria da história como história ético-política,<br />

em contraposiçom à história económico-jurídica representada<br />

pola teoria derivada <strong>do</strong> materialismo histórico, após o processo<br />

revisionista sofri<strong>do</strong> por ele, por obra <strong>do</strong> próprio Croce.<br />

Mas a história de Croce é entom ético-política? em minha<br />

opiniom, a história de Croce só pode ser chamada de história<br />

«especulativa» ou «filosófica» e nom ético-política, e neste caráter<br />

seu, e nom no ser ético-política, está a sua oposiçom ao<br />

materialismo histórico. Umha história ético-política nom está<br />

excluída <strong>do</strong> materialismo histórico, na medida em que ela é a<br />

história <strong>do</strong> momento «hegemónico», enquanto que está excluída<br />

a história «especulativa», como qualquer filosofia «especulativa».<br />

Na sua elaboraçom filosófica, Croce di ter queri<strong>do</strong><br />

libertar o pensamento moderno de qualquer pegada de transcendência,<br />

de teologia, e portanto de metafísica num senti<strong>do</strong><br />

tradicional; seguin<strong>do</strong> esta linha, até chegou a negar a filosofia<br />

como sistema, precisamente porque na ideia de sistema há um<br />

resíduo teológico. Mas a sua filosofia é umha filosofia «especulativa»,<br />

e como tal dá plena continuidade à transcendência<br />

e à teologia com umha linguagem historicista. Croce está tam<br />

imerso no seu méto<strong>do</strong> e na sua linguagem especulativa que só<br />

pode julgar em funçom deles; quan<strong>do</strong> escreve que na filosofia<br />

da praxe a estrutura é como um deus oculto, isso seria verdadeiro<br />

se a filosofia da praxe fosse umha filosofia especulativa<br />

e nom um historicismo absoluto, liberta<strong>do</strong> certamente e nom<br />

apenas de palavra, de qualquer resíduo transcendental e teólogico.<br />

Ligada a este ponto está outra observaçom que atinge<br />

mais de perto a conceçom e a composiçom da Storia d’Europa.<br />

Pode pensar-se umha história unitária de europa que se inicie<br />

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