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Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

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os sacer<strong>do</strong>tes. trata-se portanto de umha ideologia, isto é, de<br />

um instrumento prático de governo, e será preciso estudar o<br />

nexo prático sobre o qual foi funda<strong>do</strong>. a «liberdade», como<br />

conceito histórico, é a dialética mesma da história e nom tem<br />

«representantes» práticos separa<strong>do</strong>s e carateriza<strong>do</strong>s. a história<br />

era liberdade até nas satrapias orientais, tanto é verdade que<br />

inclusivamente entom havia «movimento» histórico e aquelas<br />

satrapias desabárom. em soma, considero que as palavras mudam,<br />

as palavras som até bem ditas, mas as cousas nem sequer<br />

som rabunhadas.<br />

Parece-me que a Critica fascista escreveu num artigo,<br />

mesmo se nom de maneira explícita, a crítica justa, observan<strong>do</strong><br />

que dentro de vinte anos Croce, ao ver o presente em perspetiva,<br />

poderá encontrar a sua justificaçom histórica como<br />

processo de liberdade 164 . além disso, se lembrares o primeiro<br />

ponto que escrevim para ti, isto é, as observaçons sobre a<br />

atitude de Croce durante a guerra, compreenderás melhor o<br />

seu ponto de vista: como «sacer<strong>do</strong>te» da moderna religiom<br />

historicista, Croce vive a tese e a antítese <strong>do</strong> processo histórico<br />

e insiste numha ou noutra por «razons práticas», da<strong>do</strong> que vê<br />

o porvir no presente e preocupa-se dele quanto <strong>do</strong> presente.<br />

a cada um a sua parte: aos «sacer<strong>do</strong>tes» a de salvaguardar o<br />

amanhá. No fun<strong>do</strong>, há umha bela <strong>do</strong>se de cinismo moral nesta<br />

conceçom «ético-política»; é a forma atual <strong>do</strong> maquiavelismo.<br />

abraço-te com tenrura.<br />

antonio<br />

346<br />

•<br />

164 G. alude à resenha de Ugo d’andrea sobre a «storia d’europa nel secolo<br />

XIX», aparecida na Critica Fascista, X, 9, 1 de maio de 1932, pp. 166-169, intitula<strong>do</strong><br />

La storia e la libertà.

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