12.05.2013 Views

Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

18 de junho de 1933<br />

406<br />

(Carta 136)<br />

Queridíssima tania,<br />

recebim o teu postal de dia 16. Nom sei se é mesmo verdade<br />

que as tuas condiçons melhorassem em poucos dias. Quan<strong>do</strong><br />

te vim na última conversa pareceu-me que perderas to<strong>do</strong> o<br />

bom aspecto que tinhas recém chegada a turi. — Nom sei<br />

o que escreveche para o advoga<strong>do</strong>, porque nem eu lembro<br />

o que che dixem há alguns dias. estou padecen<strong>do</strong> um novo<br />

processo de deterioramento, como o que deu na crise de 7 de<br />

março. Mas agora atormenta-me ademais umha continua <strong>do</strong>r<br />

de cabeça mui forte. Queridíssima, penso que está na hora de<br />

que tome umha decisom enérgica. este lamento continua<strong>do</strong><br />

aborreceu-me mesmo a mim de um mo<strong>do</strong> inacreditável. Visto<br />

que já me parece seguro que nom se pode fazer nada, o<br />

melhor será deixar que tu<strong>do</strong> siga o seu caminho. Precisamente,<br />

fai hoje <strong>do</strong>us messes que me visitou o inspetor sanitário 185 .<br />

Quanto ruí<strong>do</strong> por nada! ou seja, nom por nada, mas sim para<br />

piorar as cousas, porque se antes havia a perspetiva de poder<br />

fazer algo, agora mesmo esta perspetiva nom existe mais, e já<br />

nom tenho mais forças. acho que esta será a última vez que<br />

che escreva de estes temas e, visto que nom vou saber sobre o<br />

que escrever, será bem que durante algumhas semanas nom<br />

che escreva de nada. depois veremos. Pi<strong>do</strong>-che mesmo que<br />

tornes para roma assim que puderes viajar. se necessitares<br />

repouso, podes dirigir-te a algumha aldeia <strong>do</strong> Lácio, onde<br />

185 No dia 18 de abril de 1933, G. fora visita<strong>do</strong> no cárcere polo professor Filippo<br />

saporito, inspetor sanitário, que afinal concluía o seu relatório para o Ministério<br />

consideran<strong>do</strong> «nom indispensável em absoluto» para a cura <strong>do</strong> deti<strong>do</strong><br />

a sua transferência para um hospital civil ou a sua eventual libertaçom.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!