12.05.2013 Views

Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

as obras de fantasia e fantasie também por própria iniciativa;<br />

nom acho que por isso nom poda chegar a ser na mesma um<br />

grande «engenheiro» construtor de arranha-céus ou de centrais<br />

elétricas, antes polo contrário. Podes perguntar a delio,<br />

da minha parte, de qual <strong>do</strong>s contos de Puškin gosta mais; eu<br />

verdadeiramente só lhe conheço <strong>do</strong>us: O galo pequeno de ouro<br />

e O pesca<strong>do</strong>r. Conheço também a história da «bacia», com a<br />

almofada que salta como umha rá, o lençol que sai voan<strong>do</strong>, a<br />

candeia que vai aos grandes saltos esconder-se baixo a estufa<br />

etc., mas nom é de Puškin. Lembra-las? sabes que lembro<br />

ainda de memória dezenas <strong>do</strong>s seus versos? Quigera contar<br />

para delio um conto da minha aldeia que acho interessante.<br />

Fago-che um resumo e tu podes desenvolvê-lo, para ele e mais<br />

para Giuliano.<br />

Umha criança <strong>do</strong>rme. Há umha jarra de leite preparada<br />

para quan<strong>do</strong> ela acordar. Um rato bebe-lhe o leite. a criança,<br />

como nom tem o leite, grita e a mamae grita. o rato desespera<strong>do</strong><br />

bate com a cabeça contra o muro, mas repara em que<br />

nom serve de nada e corre junto da cabra para conseguir leite.<br />

a cabra daria-lhe leite se tivesse erva para comer. o rato<br />

vai ao campo por erva e o campo ári<strong>do</strong> quer água. o rato vai<br />

junto da fonte. a fonte está rota por causa da guerra e a água<br />

perde-se: necessita um mestre alvanel para que a conserte. o<br />

rato vai junto <strong>do</strong> mestre alvanel: necessita as pedras. o rato vai<br />

ter com a montanha e produze-se um dialogo sublime entre<br />

o rato e a montanha que foi desflorestada polos especula<strong>do</strong>res<br />

e que mostra por toda a parte os seus ossos sem terra. o<br />

por sua vez conselheiro secreto de Weimar, que se vê obriga<strong>do</strong> a pactuar umha<br />

trégua com aquele e habituar-se a ele. desta maneira, Goethe é ora gigantesco,<br />

ora minúsculo, ora um génio orgulhoso, petulante, que se burla <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, ora<br />

um filisteu cauteloso, modera<strong>do</strong>, fácil de contentar».<br />

247

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!