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Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

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es, em que o contraste entre o direito estatal e direito «natural»<br />

(por usar esta equívoca expressom) é <strong>do</strong>s mais profun<strong>do</strong>s,<br />

a causa da ausência de umha mediaçom, como aquela que em<br />

ocidente oferecérom os intelectuais dependentes <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>;<br />

<strong>do</strong>stoievski, certamente, nom mediava no direito estatal, mas<br />

era ele próprio um «humilha<strong>do</strong> e ofendi<strong>do</strong>».<br />

deves compreender deste ponto de vista o que preten<strong>do</strong><br />

dizer quan<strong>do</strong> alu<strong>do</strong> a «falsos problemas», etc. Penso que sem<br />

cair no cepticismo vulgar ou sem assentar numha cómoda<br />

«hipocrisia», no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> provérbio que di «a hipocrisia é<br />

umha homenagem rendida à virtude», pode encontrar-se a<br />

serenidade, mesmo no agromar das mais absurdas contradiçons<br />

e sob a pressom das mais implacáveis necessidades, se se<br />

conseguir pensar «historicamente», dialeticamente, e identificar<br />

com sobriedade intelectual o próprio dever, ou um dever<br />

próprio bem defini<strong>do</strong> e limita<strong>do</strong>. Neste senti<strong>do</strong>, para esta categoria<br />

de <strong>do</strong>enças psíquicas é possível, e portanto é preciso,<br />

sermos «médicos de nós mesmos».<br />

Nom sei se me consigo explicar. em minha opiniom, a<br />

cousa é bem clara. seria necessária umha exposiçom mais<br />

minuciosa e analítica, compreensiva, para comunicar esta<br />

clareza, mas isso é-me impossível em to<strong>do</strong> momento, da<strong>do</strong> o<br />

pouco tempo disponível para escrever, e o pouco espaço. seja<br />

como for, deves ter o cuida<strong>do</strong> de nom me interpretar demasia<strong>do</strong><br />

literalmente.<br />

Quero-che fazer outra advertência a propósito <strong>do</strong> conceito<br />

de ciência neste tipo de factos psíquicos e é que me parece<br />

mui difícil aceitar, a este respeito, o conceito demasia<strong>do</strong> rígi<strong>do</strong><br />

das ciências naturais e experimentais. seria preciso, por isso,<br />

dar muita importáncia ao chama<strong>do</strong> atavismo, à mneme como<br />

memória da matéria orgánica, etc. Considero que se atribui ao<br />

atavismo e à mneme muitíssimo <strong>do</strong> que é meramente histórico<br />

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