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Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

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som lembradas ainda depois <strong>do</strong>s primeiros anos e guiam a<br />

criança nesse primeiro perío<strong>do</strong> de juízos mais reflexivos, possíveis<br />

depois da aprendizagem da linguagem. Naturalmente,<br />

nom po<strong>do</strong> emitir juízos e impressons gerais, devi<strong>do</strong> à ausência<br />

de da<strong>do</strong>s específicos e numerosos; ignoro quase tu<strong>do</strong>, por<br />

nom dizer tu<strong>do</strong>, da<strong>do</strong> que as impressons que me comunicache<br />

nom tenhem qualquer vínculo entre elas, nom mostram um<br />

desenvolvimento. Mas a partir <strong>do</strong> conjunto destes da<strong>do</strong>s tivem<br />

a impressom de que a tua conceiçom e a <strong>do</strong> resto da tua<br />

família é demasia<strong>do</strong> metafísica, quer dizer, pressupom que na<br />

criança está em potência o homem completo e que é preciso<br />

ajudá-lo a desenvolver aquilo que já contém em latência, sem<br />

coerçons, deixan<strong>do</strong> fazer às forças espontáneas da natureza,<br />

ou que sei eu. No entanto, penso que o homem é toda umha<br />

formaçom histórica, obtida com a coerçom (entendida nom<br />

só num senti<strong>do</strong> brutal e de violência externa) e penso apenas<br />

isto: que de outra maneira se cairia numha forma de transcendência<br />

ou de imanência. aquilo que se acha força latente nom<br />

é, quan<strong>do</strong> menos, senom o conjunto informe e indiferencia<strong>do</strong><br />

de imagens e de sensaçons <strong>do</strong>s primeiros dias, <strong>do</strong>s primeiros<br />

messes, <strong>do</strong>s primeiros anos de vida, imagens e sensaçons que<br />

nem sempre som as melhores <strong>do</strong> que se quer imaginar. esta<br />

maneira de conceber a educaçom, como o desnovelamento de<br />

um fio pré-existente tivo a sua importáncia quan<strong>do</strong> se contrapunha<br />

à escola jesuítica, isto é, quan<strong>do</strong> era a negaçom de<br />

umha filosofia ainda pior, mas hoje está igualmente superada.<br />

renunciar a formar a criança significa apenas permitir que a<br />

sua personalidade se desenvolva, acolhen<strong>do</strong> de maneira caótica<br />

<strong>do</strong> ambiente geral to<strong>do</strong>s os fundamentos de vida. É estranho<br />

e interessante que a psicanálise de Freud esteja a criar,<br />

nomeadamente na alemanha (a julgar polas revistas que leio)<br />

tendências semelhantes às existentes na França no século de-<br />

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