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Cartas do CárCere - Estaleiro Editora

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consequentemente, visto que nos ajudache a aprender a escrever<br />

(e antes nos ensinaras muitas poesias de memória; ainda<br />

lembro Rataplan e a outra, «Lungo i clivi della Loira / che<br />

qual nastro argentato / corre via per cento miglia / un bel suolo<br />

avventurato» 103 ) é justo que um de nós escreva por ti quan<strong>do</strong><br />

nom tés suficientes forças. aposto que a lembrança de Rataplan<br />

e da cançom <strong>do</strong> Loira che fará sorrir. e lembro também<br />

quanto admirava (devia ter quatro ou cinco anos) a tua habilidade<br />

para imitar na mesa o toque <strong>do</strong> tambor, enquanto declamavas<br />

Rataplan. além disso, nom podes imaginar em quantas<br />

cousas das que lembro apareces tu, sempre como umha força<br />

benéfica e cheia de tenrura para connosco. se o pensas bem,<br />

todas as questons da alma, da imortalidade da alma e <strong>do</strong> paraíso,<br />

e <strong>do</strong> inferno nom som, no fun<strong>do</strong>, afinal de contas, mais<br />

<strong>do</strong> que umha maneira de ver este simples facto: que qualquer<br />

açom nossa se transmite aos demais em funçom <strong>do</strong> seu valor,<br />

seja bom ou mau, passa de pai para filho, de umha geraçom<br />

para outra num movimento perpétuo. Que todas as lembranças<br />

que temos de ti sejam de bondade e de fortaleça, ou que<br />

desses as tuas forças para nos educar, significa que já estás,<br />

desde entom, no único paraíso real que existe, que para umha<br />

mae, acho, é o coraçom <strong>do</strong>s próprios filhos. Vês o que che escrevim?<br />

além de mais, nom deves pensar que queira ofender<br />

as tuas opinions religiosas, e por outro la<strong>do</strong>, penso que concordas<br />

comigo mais <strong>do</strong> que achas. di a teresina que aguar<strong>do</strong><br />

a outra carta que me prometeu. abraço-te com tenrura, junto<br />

a to<strong>do</strong>s os da casa. antonio<br />

103 a balada de «rataplám» é Il vecchio sergente, de Pietro Paolo Parzanese. os<br />

versos, livremente cita<strong>do</strong>s por G., pertencem ao início <strong>do</strong> pequeno poema de<br />

arnal<strong>do</strong> Fusinato, Le due madri: «ao longo das margens <strong>do</strong> Loira/que qual fita<br />

de prata/percorre cem milhas/de um chao venturoso...»<br />

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