25.12.2014 Views

Tutela Jurisdicional - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...

Tutela Jurisdicional - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...

Tutela Jurisdicional - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

que não <strong>de</strong>ve, ou a prover o sustento <strong>de</strong> outrem quan<strong>do</strong> a situação<br />

jurídica assim não <strong>de</strong>termina, contraria o direito. Ninguém está obriga<strong>do</strong><br />

a fazer carida<strong>de</strong> (salvo como contribuinte da previdência e da<br />

assistência social); ninguém está obriga<strong>do</strong> a fazer ou <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fazer<br />

alguma coisa senão em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> lei (CF, 5º, II). Em vara <strong>de</strong> família,<br />

por exemplo, funciona um juízo <strong>de</strong> direito para resolver questões<br />

mediante a aplicação <strong>do</strong> direito em vigor. Não se trata <strong>de</strong> um estabelecimento<br />

<strong>de</strong> assistência social e religiosa a aplicar regras morais<br />

e exigir condutas pias. Trata-se <strong>de</strong> um órgão <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário competente<br />

para prestar jurisdição naquela matéria. A conduta pia está<br />

acima da moral e <strong>do</strong> direito, situada no plano místico e religioso. A<br />

conduta jurídica está no campo estatal e social da luta pelo direito,<br />

on<strong>de</strong> não se oferece a outra face para ser esbofeteada, nem se entrega<br />

o casaco a quem já lhe tirou a camisa. No templo <strong>de</strong> Themis<br />

cultuam-se as máximas <strong>de</strong> não lesar o próximo e <strong>de</strong> dar a cada um<br />

o seu, sob os auspícios da honestida<strong>de</strong>.<br />

O mo<strong>de</strong>lo constitucional brasileiro inclui as or<strong>de</strong>ns política,<br />

econômica e social, ou seja, imensa área <strong>de</strong> interesses com probabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> conflitos a serem dirimi<strong>do</strong>s pela corte suprema em ações<br />

originárias ou recursos, o que acarreta gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> processos.<br />

Nem por isso, <strong>de</strong>verão ser cria<strong>do</strong>s óbices à tutela jurisdicional. O<br />

problema <strong>do</strong> excesso <strong>de</strong> carga <strong>de</strong>verá ser resolvi<strong>do</strong> por outro caminho,<br />

sem sacrificar garantias constitucionais. O direito à tutela<br />

jurisdicional vem reconheci<strong>do</strong> na Declaração Universal <strong>do</strong>s Direitos<br />

<strong>do</strong> Homem (art. VIII e X). No entanto, o Supremo <strong>Tribunal</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

nega tutela jurisdicional, em recursos extraordinários, sob o argumento<br />

<strong>de</strong> inconstitucionalida<strong>de</strong> reflexa, quan<strong>do</strong> o que autoriza o recurso<br />

é a contrarieda<strong>de</strong> a preceito constitucional, pouco importan<strong>do</strong><br />

se a violação ocorre <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> flexo ou reflexo. Preservar a eficácia<br />

das normas constitucionais, como suprema garantia das liberda<strong>de</strong>s<br />

públicas, <strong>de</strong>ve ser atitu<strong>de</strong> prioritária em confronto com o interesse<br />

<strong>do</strong> tribunal <strong>de</strong> eliminar o maior número possível <strong>de</strong> processos. Ao<br />

negar tutela jurisdicional, nesses casos, o tribunal renega o papel <strong>de</strong><br />

guardião da Constituição. A criação <strong>de</strong> um tribunal constitucional<br />

em cada uma das 5 (cinco) regiões <strong>do</strong> território nacional solucionaria<br />

esse problema. A <strong>de</strong>sconcentração aten<strong>de</strong>ria as peculiarida<strong>de</strong>s<br />

82 Revista da EMERJ, v. 10, nº 37, 2007

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!