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ANAIS - VOLUME I - WordPress.com

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exercício da cidadania. O diálogo <strong>com</strong> os movimentossociais e demais grupos da sociedade civil só seráinstrumento de mudança se for ancorado no poderde decisão desses grupos sobre as polícas públicas,<strong>com</strong> controle social.Deve-se pensar a relação entre jusça social, educaçãoe trabalho que considere a inclusão, a diversidadee a igualdade na educação para além da construçãode planos e diretrizes curriculares. Trata-se de umprocesso tenso, que se realiza em um campo <strong>com</strong>plexo.Jusça social, igualdade e diversidade não sãoantagônicas. Em uma perspecva democráca e, sobretudo,em sociedades pluriétnicas, pluriculturais emulrraciais, elas deverão ser, desde a educação básicaaté a educação superior, eixos da democracia e daspolícas educacionais, que visem à superação das desigualdadese ao <strong>com</strong>bate do racismo, numa concepçãoque arcula a educação e os direitos humanos.Os movimentos sociais, sobretudo os de caráter iden-tário, são os principais atores polícos que problemazamessa situação. São os colevos polícos, tais<strong>com</strong>o os movimentos negro, feminista, de pessoaslésbicas, gays, bissexuais, travess, transsexsuais etransgêneros (LGBT), das pessoas <strong>com</strong> deficiência,ecológico, do campo, indígena, quilombola, dos povosda floresta, das <strong>com</strong>unidades tradicionais, dentretantos que problemazam e denunciam o caráter deneutralidade ainda imperante nas polícas públicas.Eles cobram que as polícas se abram para o princípioda equidade, na garana do acesso aos direitosuniversais aos homens e às mulheres, por meio deações específicas e afirmavas voltadas aos gruposhistoricamente discriminados. Tratar desigualmenteos desiguais requer o pleno reconhecimento do direitoà diferença e ao posicionamento radical na lutapela superação das desigualdades socioeconômicas,regionais, de acesso a terra e moradia, possibilitandoo usufruto dos direitos humanos.Mas não é qualquer concepção de direitos humanos.Trata-se do entendimento dos direitos humanos queproblemaze a <strong>com</strong>preensão abstrata de humanidadeainda reinante em muitos discursos, polícas eprácas. Ao introduzir essa reflexão, os movimentossociais explicitam para o Estado, sociedade, escolasde educação básica e universidade o jogo de forçase de relações de poder nos quais se apóiam, historicamente,algumas discussões hegemônicas sobreos direitos humanos. Denunciam que, por detrás demuitos desses discursos, prevalece a concepção dehumanidade que nega a diversidade e reforça um determinadopadrão de humano: branco, masculino, declasse média, heterossexual e ocidental.Nessa concepção homogeneizante de direitos humanosuniversais, a diversidade é colocada <strong>com</strong>o umproblema e não <strong>com</strong>o um dos principais eixos da experiênciahumana. Por isso, é preciso <strong>com</strong>preendera diversidade <strong>com</strong>o a construção histórica, cultural,social e políca das diferenças. Ela é construída noprocesso histórico¬cultural do homem e da mulher,no meio social e no contexto das relações de poder.A produção social, cultural e histórica das diferençasnão é problemáca em si. A questão que se colocaé que, no contexto das relações de poder, os gruposhumanos não só classificam as diferenças <strong>com</strong>o, também,hierarquizam-nas, colocam-nas em escalas devalor e, nesse processo, subalternizam uns em relaçãoa outros. Quando os vínculos sociais se quebram,devido a processos autoritários, ao uso da força e àcolonização, o poder se exacerba, a ponto de um grupo(país, nação, etnia etc) excluir, discriminar e segregaro outro, devido a suas diferenças. Nesse processo,as diferenças são transformadas em desigualdade.Para avançar na discussão, é importante <strong>com</strong>preenderque a luta pelo reconhecimento e o direito àdiversidade não se opõe à luta pela superação dasdesigualdades sociais. Pelo contrário, ela coloca emquestão a forma desigual pela qual as diferenças vêmsendo historicamente tratadas na sociedade, na escolae nas polícas públicas em geral. Essa luta alerta,85

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