o processo de conceitualização em situações diferenciadas na ...
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Expor o aluno ao <strong>processo</strong> <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> uma interpretação <strong>de</strong> fenômenos e <strong>de</strong> sua<br />
mo<strong>de</strong>lização é fundamental para que ele se capacite a a<strong>na</strong>lisar outras <strong>situações</strong> físicas e ganhe<br />
um entendimento sobre o <strong>processo</strong> científico, tanto nos aspectos específicos quanto nos<br />
aspectos sociais e históricos.<br />
Mas ao que parece, existe no discurso didático da Física uma contradição inter<strong>na</strong>,<br />
visto que, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que se diz que a Física é uma teorização sobre fenômenos<br />
<strong>na</strong>turais, a <strong>na</strong>tureza e os seus fenômenos pouco aparec<strong>em</strong> nos livros texto e nos cursos <strong>de</strong><br />
Física <strong>em</strong> diversos níveis. Talvez, uma das razões <strong>de</strong>sta contradição esteja no fato <strong>de</strong> que um<br />
dos resultados fi<strong>na</strong>is da Física, e um <strong>de</strong> seus objetivos, é a formulação <strong>de</strong> teorias abstratas<br />
suficient<strong>em</strong>ente genéricas que se apliqu<strong>em</strong> a uma classe inteira e universal <strong>de</strong> fenômenos.<br />
Historicamente, as perguntas que levaram ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> Teorias Físicas<br />
surg<strong>em</strong> <strong>de</strong> fenômenos s<strong>em</strong>i<strong>na</strong>is que centram as atenções <strong>de</strong> toda a comunida<strong>de</strong> científica. O<br />
<strong>de</strong>bate sucessivo sobre um t<strong>em</strong>a, com as diversas interpretações e proposições <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los<br />
reflete tanto as visões ousadas como as visões mais paradigmáticas <strong>de</strong>ntro da Física. A<br />
radioativida<strong>de</strong> 51 é um ex<strong>em</strong>plo, pois um longo <strong>processo</strong> com mo<strong>de</strong>los e interpretações<br />
diversas levou ao que se conhece hoje como radioativida<strong>de</strong>.<br />
No entendimento <strong>de</strong>ste trabalho, privilegiar o fenômeno será interpretado como uma<br />
forma dinâmica <strong>de</strong> interpretar a inter-relação entre o fato <strong>em</strong>pírico e sua teorização e, neste<br />
sentido, fazer fenomenologia seria o enfrentamento do probl<strong>em</strong>a fazendo aproximações,<br />
abstraindo, usando e trazendo conceitos à to<strong>na</strong>, <strong>de</strong>screvendo o fenômeno, enten<strong>de</strong>ndo a<br />
dinâmica ou validando outras tantas perguntas científicas s<strong>em</strong>i<strong>na</strong>is cujo papel histórico<br />
permite apren<strong>de</strong>r o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> construção dos mo<strong>de</strong>los e teorias. Neste caso, o fenômeno é<br />
muito mais que um amontoado <strong>de</strong> dados <strong>em</strong>píricos.<br />
Assim, espera-se que, ao privilegiar o lado processual da Ciência, o tratamento <strong>de</strong><br />
fenômenos através <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los trará <strong>na</strong>turalmente as questões dos conflitos entre as diversas<br />
visões da Ciência, entre concepções científicas e Concepções Alter<strong>na</strong>tivas e diferenças entre<br />
mo<strong>de</strong>los e <strong>processo</strong>s <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lização.<br />
Assume-se aqui a posição <strong>de</strong> que os mo<strong>de</strong>los fenomenológicos po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senvolver<br />
uma melhor visão da dinâmica <strong>de</strong> construção das teorias científicas. O <strong>processo</strong> <strong>de</strong><br />
mo<strong>de</strong>lização, qualitativa e quantitativa, po<strong>de</strong> ainda permitir um vínculo mais orgânico entre a<br />
51 Ver mais <strong>de</strong>talhes <strong>em</strong> Martins (1990), Como Becquerel não <strong>de</strong>scobriu a radioativida<strong>de</strong>.