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o processo de conceitualização em situações diferenciadas na ...

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2.2.3 AS MÚLTIPLAS VARIÁVEIS DE UMA RELAÇÃO DIDÁTICA<br />

A relação didática se estabelece <strong>em</strong> um contexto no qual há um projeto <strong>de</strong> ensino <strong>em</strong><br />

que se dá a interação entre o professor, o aluno/alunos e o saber a ensi<strong>na</strong>r. Nesse nosso estudo<br />

especificamente, tal consi<strong>de</strong>ração é extr<strong>em</strong>amente importante, pois há <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>dos espaços<br />

formativos (como <strong>em</strong> <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>das discipli<strong>na</strong>s das Licenciaturas) <strong>em</strong> que o rótulo <strong>de</strong> aluno ou<br />

professor estão amalgamados e alguns objetivos da relação didática acabam por se sobrepor.<br />

De uma forma geral, essa relação está limitada <strong>em</strong> um espaço e um t<strong>em</strong>po b<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>finidos: o escolar. Mas, será que essa compreensão é satisfatória? Jon<strong>na</strong>ert (1996) alerta que<br />

uma relação didática comporta b<strong>em</strong> mais variáveis do que essa visão estrita sugere e coloca<br />

no âmbito <strong>de</strong>ssa relação mais uma probl<strong>em</strong>ática: as relações pessoais com os saberes.<br />

Essa relação didática comporta ainda um contrato didático e ambos são perecíveis. Ou<br />

seja, já que há um espaço e um t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>finidos, trata-se <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> curta duração.<br />

Todavia, as relações com os saberes não acabam no espaço-t<strong>em</strong>po escolar, pois <strong>em</strong>bora a<br />

relação didática não dure além do contrato didático, há um <strong>processo</strong> <strong>de</strong> construção do<br />

conhecimento pelo aluno para além do contexto da escola. Esse paradoxo é expresso por<br />

Philippe Jon<strong>na</strong>ert do seguinte modo: “a relação didática é precária, mas ela possui o objetivo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver <strong>em</strong> cada aluno um <strong>processo</strong> longo <strong>de</strong> construção do conhecimento”<br />

(JONNAERT, 1996, p.116).<br />

Assim, aquela concepção reduzida da relação didática <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ra que o contrato<br />

didático <strong>de</strong>la <strong>de</strong>corrente é instável e uma das razões são as múltiplas relações com os saberes<br />

que cada aluno, e também o professor, mantém nesse contexto. Desse modo, não há um único<br />

saber <strong>de</strong> referência, fruto <strong>de</strong> uma transposição didática e presente nos programas, mas uma<br />

varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações pessoais com outros saberes, que também serão referências <strong>em</strong> um<br />

tratamento didático. Isso implica, entre outras coisas, a inexistência <strong>de</strong> um contrato didático<br />

padrão, <strong>de</strong> uma classe padrão e <strong>de</strong> um saber padrão. Jon<strong>na</strong>ert (1996) enfatiza que essas<br />

relações com os saberes são constituídas <strong>de</strong> diversas representações. Essas múltiplas relações<br />

com os saberes é que tor<strong>na</strong>m a relação didática dinâmica e o saber a ensi<strong>na</strong>r é confrontado,<br />

questio<strong>na</strong>do e julgado a partir <strong>de</strong> outros saberes que se transformam durante o <strong>processo</strong><br />

(JOHSUA, 1996). Ignorar esse conjunto <strong>de</strong> variáveis significa amenizar os <strong>de</strong>svios entre o<br />

que se preten<strong>de</strong> ensi<strong>na</strong>r e as relações pessoais com os saberes, as quais ten<strong>de</strong>m a permanecer<br />

mesmo <strong>de</strong>pois do t<strong>em</strong>po escolar.

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