o processo de conceitualização em situações diferenciadas na ...
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2.2.4 A NOÇÃO DE OBJETIVO-OBSTÁCULO COMO ALTERNATIVA<br />
DIDÁTICA.<br />
Em uma pedagogia pautada por objetivos os assuntos estarão divididos <strong>em</strong> peque<strong>na</strong>s<br />
unida<strong>de</strong>s, a fim <strong>de</strong> facilitar sua abordag<strong>em</strong> e sua avaliação, ou seja, os passos do <strong>processo</strong> <strong>de</strong><br />
aprendizag<strong>em</strong> estão centrados no professor e po<strong>de</strong>m ser controlados facilmente. Os objetivos<br />
são i<strong>de</strong>ntificados <strong>em</strong> termos procedimentais do tipo o aluno será capaz <strong>de</strong>..., seguidos <strong>de</strong> um<br />
verbo <strong>de</strong> ação (ASTOLFI, 1997).<br />
A noção <strong>de</strong> obstáculo <strong>na</strong>s estratégias didáticas consi<strong>de</strong>ra que o aluno chega à escola<br />
com idéias mais ou menos estruturadas e ocorre uma adaptação <strong>de</strong>ssas concepções às<br />
<strong>situações</strong>, resistindo a uma transformação intelectual. Na idéia <strong>de</strong> objetivo-obstáculo enten<strong>de</strong>se<br />
que essa transformação intelectual no plano didático se dá principalmente pela transposição<br />
<strong>de</strong> obstáculos. Assim, os objetivos não po<strong>de</strong>riam ser <strong>de</strong>finidos a priori, s<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>rar as<br />
concepções dos alunos. A proposta é <strong>de</strong> “utilizar a caracterização dos obstáculos como um<br />
modo <strong>de</strong> selecio<strong>na</strong>r os objetivos” (ASTOLFI, 1995). Nesse caso, os obstáculos se tor<strong>na</strong>m o<br />
ponto <strong>de</strong> apoio das <strong>situações</strong> didáticas e sua transposição t<strong>em</strong> o sentido superá-los. Isso dá aos<br />
obstáculos um status positivo. Nessa perspectiva, há que se consi<strong>de</strong>rar que:<br />
A transposição <strong>de</strong> um obstáculo supõe também uma apreciação da amplitu<strong>de</strong> do “salto conceitual”<br />
exigido pelo trabalho ou <strong>de</strong>ver: n<strong>em</strong> fácil <strong>de</strong>mais (não haveria obstáculo), n<strong>em</strong> difícil <strong>de</strong>mais (os alunos<br />
não po<strong>de</strong>riam transpô-lo). O <strong>de</strong>safio intelectual <strong>de</strong>sestabilizante <strong>de</strong>ve po<strong>de</strong>r se apoiar sobre<br />
competências ou capacida<strong>de</strong>s já adquiridas. Nessa avaliação do possível, retoma-se as observações <strong>de</strong><br />
Vigotski no que diz respeito à zo<strong>na</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento proximal (ou zo<strong>na</strong> proximal): o trabalho<br />
didático consiste <strong>em</strong> ultrapassar, s<strong>em</strong> forçar <strong>em</strong> excesso, a maturação das estruturas cognitivas dos<br />
alunos (ASTOLFI, 1997, p. 128).<br />
Entretanto, conforme Astolfi (1993, 1994), é preciso consi<strong>de</strong>rar o duplo status das<br />
representações no plano didático. Essas representações se diferenciam dos obstáculos à<br />
aprendizag<strong>em</strong> por ter<strong>em</strong> um caráter local, ligadas a contextos particulares. Um primeiro status<br />
atribuído a essas representações é <strong>de</strong> significar um distanciamento do conhecimento<br />
científico, ou seja, um contraponto ao projeto didático. Por outro lado, tais representações<br />
serv<strong>em</strong> como uma explicação funcio<strong>na</strong>l para o aluno, pois correspon<strong>de</strong>m a uma representação<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do fenômeno. Assim, essas representações não se opõ<strong>em</strong> aos objetivos didáticos,<br />
mas “se situam no centro do objetivo que se preten<strong>de</strong>, já que sua transformação é o que o<br />
professor irá esforçar-se por provocar prioritariamente, além das <strong>de</strong>finições ensi<strong>na</strong>das<br />
relativas ao conhecimento” (ASTOLFI, 1994, p.207).