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Manual de Direito Civil - Flávio Tartuce - 7ª Ed. - 2017 [materialcursoseconcursos.blogspot.com.br]

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“Os arts. 1.723, § 1.º, 1.790, 1.829 e 1.830, do Código <strong>Civil</strong>, admitem a concorrência sucessória entre cônjuge e<<strong>br</strong> />

Gama,<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>eviventes na sucessão legítima, quanto aos bens adquiridos onerosamente na união estável” (Enunciado<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>panheiro<<strong>br</strong> />

525). n.<<strong>br</strong> />

José Luiz Gavião <strong>de</strong> Almeida, o <strong>com</strong>panheiro teria direito a um terço dos bens adquiridos onerosamente durante a<<strong>br</strong> />

Para<<strong>br</strong> />

constava da o<strong>br</strong>a escrita <strong>com</strong> José Fernando Simão, o entendimento do presente autor, a priori, era o seguinte:<<strong>br</strong> />

Conforme<<strong>br</strong> />

toda a orientação jurispru<strong>de</strong>ncial no sentido <strong>de</strong> que a separação <strong>de</strong> fato põe fim ao regime <strong>de</strong> bens, o<<strong>br</strong> />

consi<strong>de</strong>rando-se<<strong>br</strong> />

do falecido <strong>de</strong>veria ser dividido em dois montes. O primeiro monte seria <strong>com</strong>posto pelos bens adquiridos na<<strong>br</strong> />

patrimônio<<strong>br</strong> />

fática do casamento. So<strong>br</strong>e tais bens, somente o cônjuge teria direito <strong>de</strong> herança. A segunda massa <strong>de</strong> bens era<<strong>br</strong> />

constância<<strong>br</strong> />

pelos bens adquiridos durante a união estável. Quanto aos bens adquiridos onerosamente durante a união, a<<strong>br</strong> />

constituída<<strong>br</strong> />

teria direito à herança. Em relação aos bens adquiridos a outro título durante a união estável, o cônjuge teria<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>panheira<<strong>br</strong> />

à herança. 64 Deve ficar claro que a presente tese foi criada pelo então coautor, a quem se atribui todos os créditos da<<strong>br</strong> />

direito<<strong>br</strong> />

Tal entendimento <strong>de</strong>veria prevalecer se aplicado o art. 1.830 do CC em sua integralida<strong>de</strong> e redação original.<<strong>br</strong> />

criação.<<strong>br</strong> />

se seguida a nova interpretação proposta para o art. 1.830 do CC, segundo a qual o cônjuge somente teria direito<<strong>br</strong> />

Todavia,<<strong>br</strong> />

se não separado <strong>de</strong> fato, somente o <strong>com</strong>panheiro teria direitos sucessórios, na esteira do que enten<strong>de</strong> corrente<<strong>br</strong> />

sucessório<<strong>br</strong> />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong><<strong>br</strong> />

não revogada pelo novo estatuto <strong>de</strong> direito privado. Recurso provido em parte” (TJSP, Agravo<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> Instrumento 589.196.4/4, Acórdão 3474069, Bragança Paulista, 2.ª Câmara <strong>de</strong> <strong>Direito</strong><<strong>br</strong> />

Privado, Rel. Des. Morato <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, j. 03.02.2009, DJESP 26.03.2009). Por <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro,<<strong>br</strong> />

pontue­se que, ao final do ano <strong>de</strong> 2011, o Órgão Especial do Tribunal Paulista acabou por<<strong>br</strong> />

concluir, pelos mesmos argumentos, pela inexistência <strong>de</strong> qualquer inconstitucionalida<strong>de</strong> no<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>ando em <strong>de</strong>staque, <strong>com</strong>o já havia feito o Tribunal Gaúcho (TJSP, Processo 0434423­<<strong>br</strong> />

72.2010.8.26.0000 (990.10.434423­9). Órgão Especial, Relator Corrêa Viana, j. 14.09.2011).<<strong>br</strong> />

A variação dos entendimentos dos julgados <strong>de</strong>monstrava o sistema caótico existente no Brasil<<strong>br</strong> />

quanto à sucessão legítima. A constatação é que a Torre <strong>de</strong> Babel não era apenas doutrinária, mas<<strong>br</strong> />

também jurispru<strong>de</strong>ncial. Por bem, reafirme­se que a <strong>de</strong>cisão do Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral no Recurso<<strong>br</strong> />

Extraordinário 878.696/MG, em repercussão geral, consolidou a questão, trazendo mais certeza e<<strong>br</strong> />

estabilida<strong>de</strong> para o tema.<<strong>br</strong> />

A encerrar o estudo da sucessão do <strong>com</strong>panheiro, pen<strong>de</strong> ainda um problema, que é aquele<<strong>br</strong> />

relacionado à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concorrência sucessória entre o cônjuge e o <strong>com</strong>panheiro. Ora, o Código<<strong>br</strong> />

<strong>Civil</strong> <strong>de</strong> 2002 admite que o cônjuge separado <strong>de</strong> fato tenha união estável (art. 1.723, § 1.º, do CC).<<strong>br</strong> />

Então, imagine­se a situação, bem <strong>com</strong>um em nosso País, <strong>de</strong> um homem separado <strong>de</strong> fato que vive em<<strong>br</strong> />

união estável <strong>com</strong> outra mulher. Em caso <strong>de</strong> sua morte, quem irá suce<strong>de</strong>r os seus bens? A esposa, <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

quem ainda mantém vínculo matrimonial, ou a <strong>com</strong>panheira, <strong>com</strong> quem vive? O CC/2002 não traz<<strong>br</strong> />

solução a respeito <strong>de</strong>ssa hipótese, variando a doutrina nas suas propostas.<<strong>br</strong> />

Eis aqui um tema que também não foi resolvido expressamente pela <strong>de</strong>cisão do STF so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />

inconstitucionalida<strong>de</strong> do art. 1.790 do CC. Vejamos algumas propostas interessantes, existentes antes<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sse julgamento:<<strong>br</strong> />

–<<strong>br</strong> />

–<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> Oliveira propunha que os bens fossem divididos <strong>de</strong> forma igualitária entre o cônjuge e o <strong>com</strong>panheiro. 61<<strong>br</strong> />

Eucli<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

enunciado doutrinário aprovado na V Jornada <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong>, <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Guilherme Calmon Nogueira da<<strong>br</strong> />

Conforme<<strong>br</strong> />

–<<strong>br</strong> />

estável, o que era aplicação do inc. III do art. 1.790 do CC. O restante dos bens <strong>de</strong>veria ser <strong>de</strong>stinado ao cônjuge. 62<<strong>br</strong> />

união<<strong>br</strong> />

Christiano Cassettari, a <strong>com</strong>panheira <strong>de</strong>veria receber toda a herança, eis que prevalecia tal união quando da morte. 63<<strong>br</strong> />

Para<<strong>br</strong> />

–<<strong>br</strong> />

–<<strong>br</strong> />

anterior.<<strong>br</strong> />

Pois bem, <strong>com</strong> a <strong>de</strong>cisão do Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral, <strong>com</strong>o visto, o art. 1.790 do Código <strong>Civil</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>saparece totalmente do sistema, <strong>de</strong>vendo o <strong>com</strong>panheiro ser incluído no art. 1.829 do Código <strong>Civil</strong><<strong>br</strong> />

(STF, Recurso Extraordinário 878.694/MG, Tribunal Pleno, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, j.

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