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Manual de Direito Civil - Flávio Tartuce - 7ª Ed. - 2017 [materialcursoseconcursos.blogspot.com.br]

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<strong>de</strong> Barros Monteiro: “Os direitos <strong>de</strong> vizinhança constituem limitações impostas pela boa convivência social,<<strong>br</strong> />

Washington<<strong>br</strong> />

se inspira na lealda<strong>de</strong> e na boa-fé. A proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser usada <strong>de</strong> tal maneira que torne possível a coexistência<<strong>br</strong> />

que<<strong>br</strong> />

Se assim não se proce<strong>de</strong>sse, se os proprietários pu<strong>de</strong>ssem invocar uns contra os outros seu direito absoluto e<<strong>br</strong> />

social.<<strong>br</strong> />

não po<strong>de</strong>riam praticar qualquer direito, pois as proprieda<strong>de</strong>s se aniquilariam no entrechoque <strong>de</strong> suas várias<<strong>br</strong> />

ilimitado,<<strong>br</strong> />

prédios vizinhos os que po<strong>de</strong>m sofrer repercussão <strong>de</strong> atos propagados <strong>de</strong> prédios próximos ou que <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

Consi<strong>de</strong>ram-se<<strong>br</strong> />

possam ter vínculos jurídicos. São direitos <strong>de</strong> vizinhança os que a lei estatui por força <strong>de</strong>sse fato”. 96<<strong>br</strong> />

estes<<strong>br</strong> />

Paulo Lôbo, “os direitos <strong>de</strong> vizinhança <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>m o conjunto <strong>de</strong> normas <strong>de</strong> convivência entre os titulares <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Segundo<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> posse <strong>de</strong> imóveis localizados próximos uns aos outros. (…). As normas <strong>de</strong> regência dos<<strong>br</strong> />

direito<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> vizinhança são preferentemente cogentes, porque os conflitos nessa matéria ten<strong>de</strong>m ao litígio e ao aguçamento<<strong>br</strong> />

direitos<<strong>br</strong> />

ânimos. Na dimensão positiva, vizinhos são os que <strong>de</strong>vem viver harmonicamente no mesmo espaço, respeitando<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ou seja, do <strong>com</strong>plexo <strong>de</strong> posições jurídicas <strong>de</strong> um sujeito, ativas ou passivas, que <strong>de</strong>correm da relação<<strong>br</strong> />

vicinais,<<strong>br</strong> />

formada do fato <strong>de</strong> serem proprietários ou possuidores <strong>de</strong> prédios em proximida<strong>de</strong> tal que o exercício <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

intersubjetiva<<strong>br</strong> />

a relação social e jurídica que existe entre os titulares <strong>de</strong> direito real so<strong>br</strong>e imóveis, tendo em vista que a<<strong>br</strong> />

regulamentar<<strong>br</strong> />

entre prédios ou apartamentos em edifícios (art. 19 da Lei 4.591/1964 e art. 1.336, IV, do CCB), não raro, gera<<strong>br</strong> />

proximida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

e problemas <strong>de</strong> intrincada solução. Para atingir o <strong>de</strong>si<strong>de</strong>rato <strong>de</strong> harmonização <strong>de</strong> relação entre vizinhos, a lei<<strong>br</strong> />

animosida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

reciprocamente o exercício do direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> dos vizinhos, apontando para a preservação do interesse<<strong>br</strong> />

limita<<strong>br</strong> />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong><<strong>br</strong> />

Conceitos básicos<<strong>br</strong> />

7.5.1<<strong>br</strong> />

O CC/2002 (arts. 1.277 a 1.313), a exemplo do seu antecessor (arts. 554 a 587), continua<<strong>br</strong> />

regulando os direitos <strong>de</strong> vizinhança (Capítulo V do Livro que trata do <strong>Direito</strong> das Coisas), dividindo a<<strong>br</strong> />

matéria em sete seções:<<strong>br</strong> />

•<<strong>br</strong> />

•<<strong>br</strong> />

uso anormal da proprieda<strong>de</strong> (Seção I, arts. 1.277 a 1.281 do CC).<<strong>br</strong> />

Do<<strong>br</strong> />

árvores limítrofes (Seção II, arts. 1.282 a 1.284 do CC).<<strong>br</strong> />

Das<<strong>br</strong> />

•<<strong>br</strong> />

•<<strong>br</strong> />

passagem forçada (Seção III, art. 1.285 do CC).<<strong>br</strong> />

Da<<strong>br</strong> />

passagem <strong>de</strong> cabos e tubulações (Seção IV, arts. 1.286 e 1.287), novida<strong>de</strong> introduzida pela codificação <strong>de</strong> 2002.<<strong>br</strong> />

Da<<strong>br</strong> />

•<<strong>br</strong> />

•<<strong>br</strong> />

águas (Seção V, arts. 1.288 a 1.296 do CC).<<strong>br</strong> />

Das<<strong>br</strong> />

limites entre prédios e do direito <strong>de</strong> tapagem (Seção VI, arts. 1.297 e 1.298 do CC).<<strong>br</strong> />

Dos<<strong>br</strong> />

•<<strong>br</strong> />

Do direito <strong>de</strong> construir (Seção VII, arts. 1.299 a 1.313 do CC).<<strong>br</strong> />

Vejamos alguns conceitos a respeito do instituto que ora se estuda:<<strong>br</strong> />

–<<strong>br</strong> />

95 faculda<strong>de</strong>s”.<<strong>br</strong> />

Gomes: “A vizinhança é um fato que, em <strong>Direito</strong>, possui o significado mais largo do que na linguagem <strong>com</strong>um.<<strong>br</strong> />

Orlando<<strong>br</strong> />

–<<strong>br</strong> />

–<<strong>br</strong> />

os direitos e <strong>de</strong>veres <strong>com</strong>uns”. 97<<strong>br</strong> />

reciprocamente<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> Camargo Penteado: “Usualmente, utiliza-se a expressão direitos <strong>de</strong> vizinhança para tratar <strong>de</strong> situações jurídicas<<strong>br</strong> />

Luciano<<strong>br</strong> />

–<<strong>br</strong> />

em um <strong>de</strong>les po<strong>de</strong> repercutir no aproveitamento que se faça do outro”. 98<<strong>br</strong> />

ativida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Aurélio Bezerra <strong>de</strong> Melo: “Os chamados direitos <strong>de</strong> vizinhança são previsões legais que têm por objetivo<<strong>br</strong> />

Marco<<strong>br</strong> />

–<<strong>br</strong> />

público e privado”. 99<<strong>br</strong> />

Pelos conceitos expostos, nota­se que a vizinhança não se confun<strong>de</strong> <strong>com</strong> a contiguida<strong>de</strong>, ou seja,<<strong>br</strong> />

prédios vizinhos po<strong>de</strong>m não ser prédios contíguos, pois os primeiros são aqueles que repercutem<<strong>br</strong> />

juridicamente uns nos outros, enquanto que os últimos são aqueles que estão um ao lado do outro.<<strong>br</strong> />

Na esteira da doutrina exposta, clássica e contemporânea, observa­se que as normas relativas aos<<strong>br</strong> />

direitos da vizinhança constituem claras limitações ao direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>, em prol do bem <strong>com</strong>um,<<strong>br</strong> />

da paz social. Continuando essa i<strong>de</strong>ia, não se po<strong>de</strong> esquecer que as o<strong>br</strong>igações que surgem da matéria

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