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Manual de Direito Civil - Flávio Tartuce - 7ª Ed. - 2017 [materialcursoseconcursos.blogspot.com.br]

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8.6<<strong>br</strong> />

8.6.1<<strong>br</strong> />

ALIMENTOS NO CÓDIGO CIVIL DE 2002<<strong>br</strong> />

DOS<<strong>br</strong> />

e pressupostos da o<strong>br</strong>igação alimentar<<strong>br</strong> />

Conceito<<strong>br</strong> />

–<<strong>br</strong> />

–<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> parentesco, casamento ou união estável, inclusive homoafetiva. Em relação ao parentesco, <strong>de</strong>ve ser incluída a<<strong>br</strong> />

Vínculo<<strong>br</strong> />

socioafetiva, conforme o Enunciado n. 341 do CJF/STJ (“Para os fins do art. 1.696, a relação socioafetiva po<strong>de</strong> ser<<strong>br</strong> />

parentalida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

gerador <strong>de</strong> o<strong>br</strong>igação alimentar”). O tema será aprofundado mais à frente, <strong>com</strong> as primeiras reflexões so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />

elemento<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>cisão do STF so<strong>br</strong>e o tema, em repercussão geral (Informativo n. 840 da Corte).<<strong>br</strong> />

impactante<<strong>br</strong> />

do alimentando ou credor.<<strong>br</strong> />

Necessida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

do alimentante ou <strong>de</strong>vedor. Para a verificação <strong>de</strong>ssa possibilida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>rão ser analisados os sinais exteriores <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Possibilida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong><<strong>br</strong> />

filhos sob po<strong>de</strong>r familiar e que casarem ou estabelecerem união estável (art. 1.636, parágrafo único, do CC).<<strong>br</strong> />

Com base nos ensinamentos <strong>de</strong> Orlando Gomes e Maria Helena Diniz, os alimentos po<strong>de</strong>m ser conceituados<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o as prestações <strong>de</strong>vidas para a satisfação das necessida<strong>de</strong>s pessoais daquele que não po<strong>de</strong> provê­las pelo<<strong>br</strong> />

trabalho próprio. 189 Aquele que pleiteia os alimentos é o alimentando ou credor; o que os <strong>de</strong>ve pagar é o<<strong>br</strong> />

alimentante ou <strong>de</strong>vedor.<<strong>br</strong> />

O pagamento <strong>de</strong>sses alimentos visa à pacificação social, estando amparado nos princípios da dignida<strong>de</strong> da<<strong>br</strong> />

pessoa humana e da solidarieda<strong>de</strong> familiar, ambos <strong>de</strong> índole constitucional. No plano conceitual e em sentido<<strong>br</strong> />

amplo, os alimentos <strong>de</strong>vem <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>s vitais da pessoa, cujo objetivo é a manutenção da sua<<strong>br</strong> />

dignida<strong>de</strong>: a alimentação, a saú<strong>de</strong>, a moradia, o vestuário, o lazer, a educação, entre outros. Em suma, os<<strong>br</strong> />

alimentos <strong>de</strong>vem ser concebidos <strong>de</strong>ntro da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> patrimônio mínimo. 190<<strong>br</strong> />

Diante <strong>de</strong>ssa proteção máxima da pessoa humana, precursora da personalização do <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong>, e em uma<<strong>br</strong> />

perspectiva civil­constitucional, o art. 6.º da CF/1988 serve <strong>com</strong>o uma luva para preencher o conceito <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

alimentos. Esse dispositivo do Texto Maior traz <strong>com</strong>o conteúdo os direitos sociais que <strong>de</strong>vem ser oferecidos pelo<<strong>br</strong> />

Estado, a saber: a educação, a saú<strong>de</strong>, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência<<strong>br</strong> />

social, a proteção à maternida<strong>de</strong> e à infância, e a assistência aos <strong>de</strong>samparados. Cumpre <strong>de</strong>stacar que a menção à<<strong>br</strong> />

alimentação foi incluída pela Emenda Constitucional n. 64, <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2010, o que tem relação direta<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o tema aqui estudado.<<strong>br</strong> />

Pois bem, nos termos dos arts. 1.694 e 1.695 do CC, os pressupostos para o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> prestar alimentos são<<strong>br</strong> />

os seguintes:<<strong>br</strong> />

–<<strong>br</strong> />

riqueza do <strong>de</strong>vedor, conforme reconhece o Enunciado n. 573 do CJF/STJ, da VI Jornada <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong> (2013).<<strong>br</strong> />

Como é notório, os dois últimos elementos constituem o famoso binômio alimentar<<strong>br</strong> />

(necessida<strong>de</strong>/possibilida<strong>de</strong>). Para o Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça, não é possível rever o valor alimentar antes<<strong>br</strong> />

fixado pelas instâncias inferiores, por se tratar <strong>de</strong> matéria <strong>de</strong> fato, <strong>com</strong>o estabelece a sua Súmula 7. Nessa esteira,<<strong>br</strong> />

a premissa 18 da <strong>Ed</strong>ição 65 da ferramenta Jurisprudência em Teses, <strong>de</strong>dicada aos alimentos e publicada no ano<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> 2016. Conforme a afirmação: “a fixação da verba alimentar tem <strong>com</strong>o parâmetro o binômio necessida<strong>de</strong> do<<strong>br</strong> />

alimentando e possibilida<strong>de</strong> do alimentante, insusceptível <strong>de</strong> análise em se<strong>de</strong> <strong>de</strong> recurso especial por óbice da<<strong>br</strong> />

Súmula 7/STJ”. Foram citados <strong>com</strong>o prece<strong>de</strong>ntes atuais: AgRg no AREsp 766.159/MS, 3.ª Turma, Rel. Min.<<strong>br</strong> />

Moura Ribeiro, j. 02.06.2016, DJe 09.06.2016; AgRg no AREsp 672.140/RJ, 4.ª Turma, Rel. Min. Marco<<strong>br</strong> />

Buzzi, j. 24.05.2016, DJe 31.05.2016; EDcl no REsp 1.516.739/RR, 4.ª Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,<<strong>br</strong> />

j. 23.02.2016, DJe 01.03.2016 e AgRg no AREsp 814.647/SP, 3.ª Turma, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j.<<strong>br</strong> />

23.02.2016, DJe 07.03.2016.<<strong>br</strong> />

Cumpre <strong>de</strong>stacar que para alguns doutrinadores há que se falar em trinômio alimentar:<<strong>br</strong> />

–<<strong>br</strong> />

–<<strong>br</strong> />

Maria Berenice Dias, o trinômio é assim constituído: proporcionalida<strong>de</strong>/necessida<strong>de</strong>/possibilida<strong>de</strong>. 191<<strong>br</strong> />

Para<<strong>br</strong> />

Paulo Lôbo, o trinômio é necessida<strong>de</strong>/possibilida<strong>de</strong>/razoabilida<strong>de</strong>. 192<<strong>br</strong> />

Para<<strong>br</strong> />

De fato, a razoabilida<strong>de</strong> ou proporcionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser elevada à condição <strong>de</strong> requisito fundamental para se

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