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Manual de Direito Civil - Flávio Tartuce - 7ª Ed. - 2017 [materialcursoseconcursos.blogspot.com.br]

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9.8<<strong>br</strong> />

9.8.1<<strong>br</strong> />

SUCESSÃO LEGÍTIMA<<strong>br</strong> />

DA<<strong>br</strong> />

palavras. Panorama geral das inovações introduzidas pelo CC/2002<<strong>br</strong> />

Primeiras<<strong>br</strong> />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong><<strong>br</strong> />

20.05.2016).<<strong>br</strong> />

Apesar <strong>de</strong> certa precisão no último julgado, <strong>com</strong> o <strong>de</strong>vido respeito, este autor enten<strong>de</strong> que a ação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

petição <strong>de</strong> herança <strong>de</strong>ve ser reconhecida <strong>com</strong>o imprescritível, na linha do que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> Giselda Maria<<strong>br</strong> />

Fernan<strong>de</strong>s Novaes Hironaka:<<strong>br</strong> />

“A petição <strong>de</strong> herança não prescreve. A ação é imprescritível, po<strong>de</strong>ndo, por isso, ser intentada<<strong>br</strong> />

a qualquer tempo. Isso assim se passa porque a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> her<strong>de</strong>iro não se per<strong>de</strong> (semei<<strong>br</strong> />

heres semper heres), assim <strong>com</strong>o o não exercício do direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> não lhe causa a<<strong>br</strong> />

extinção. A herança é transferida ao sucessor no momento mesmo da morte <strong>de</strong> seu autor, e,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o se viu, isso assim se dá pela transmissão da proprieda<strong>de</strong> do todo hereditário. Toda essa<<strong>br</strong> />

construção, coor<strong>de</strong>nada, implica o reconhecimento da imprescritibilida<strong>de</strong> da ação, que po<strong>de</strong> ser<<strong>br</strong> />

intentada a todo tempo, <strong>com</strong>o já se afirmou”. 30<<strong>br</strong> />

Aos argumentos da Mestra das Arcadas, somam­se premissas estribadas no <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong><<strong>br</strong> />

Constitucional. Ora, o direito à herança é um direito fundamental protegido na Constituição da<<strong>br</strong> />

República, que por envolver a própria existência digna da pessoa humana, para o sustento <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />

patrimônio mínimo, não estaria sujeito à prescrição ou à <strong>de</strong>cadência. A propósito, na mesma esteira,<<strong>br</strong> />

pon<strong>de</strong>ra Luiz Paulo Vieira <strong>de</strong> Carvalho que, “em nosso sentido, as ações <strong>de</strong> petição <strong>de</strong> herança são<<strong>br</strong> />

imprescritíveis, po<strong>de</strong>ndo o réu alegar em se<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa apenas a exceção <strong>de</strong> usucapião (Súmula 237 do<<strong>br</strong> />

STF), que atualmente tem <strong>com</strong>o prazo máximo 15 anos (na usucapião extraordinária sem posse social,<<strong>br</strong> />

art. 1.238, caput, do CC)”. 31 A propósito <strong>de</strong>ssa tese, pontue­se que o Código <strong>Civil</strong> Italiano é expresso<<strong>br</strong> />

em reconhecer que a ação <strong>de</strong> petição <strong>de</strong> herança não se sujeita à prescrição (arts. 533 e 2.934),<<strong>br</strong> />

ressalvando­se a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alegação <strong>de</strong> usucapião a respeito <strong>de</strong> bens singularizados.<<strong>br</strong> />

Sem falar que, na gran<strong>de</strong> maioria das vezes, a ação <strong>de</strong> petição <strong>de</strong> herança está cumulada <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

investigação <strong>de</strong> paternida<strong>de</strong>, sendo <strong>de</strong>corrência natural do reconhecimento da verda<strong>de</strong> biológica e do<<strong>br</strong> />

vínculo parental. Em suma, a este autor parece que a justiça na concretização da petição <strong>de</strong> herança <strong>de</strong>ve<<strong>br</strong> />

prevalecer so<strong>br</strong>e a certeza e a segurança.<<strong>br</strong> />

Como é notório, a atual codificação privada alterou substancialmente o tratamento da sucessão<<strong>br</strong> />

legítima. Esse talvez seja, na atualida<strong>de</strong>, um dos aspectos mais <strong>com</strong>entados e criticados do atual sistema<<strong>br</strong> />

civil <strong>br</strong>asileiro, havendo, no presente, uma verda<strong>de</strong>ira Torre <strong>de</strong> Babel doutrinária e jurispru<strong>de</strong>ncial a<<strong>br</strong> />

respeito do tema. Na verda<strong>de</strong>, dois pontos sempre geraram os principais dilemas.<<strong>br</strong> />

Primeiro, a introdução do sistema <strong>de</strong> concorrência sucessória, envolvendo o cônjuge e o<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>panheiro, em relação a <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, ascen<strong>de</strong>ntes e colaterais.<<strong>br</strong> />

Segundo, o tratamento diferenciado sucessório entre o cônjuge e o <strong>com</strong>panheiro, residindo neste<<strong>br</strong> />

último aspecto as principais controvérsias, incluindo as anteriores arguições <strong>de</strong> inconstitucionalida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

por parte da doutrina.<<strong>br</strong> />

De todo modo, reafirme­se que em outra <strong>de</strong>cisão superior <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> impacto, prolatada no ano <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

2016, o Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral acabou por concluir pela inconstitucionalida<strong>de</strong> do art. 1.790 do<<strong>br</strong> />

Código <strong>Civil</strong>, que tratava dos direitos sucessórios do <strong>com</strong>panheiro. Por maioria <strong>de</strong> voto, enten<strong>de</strong>u­se<<strong>br</strong> />

pela equiparação sucessória total entre o casamento e a união estável, para os fins <strong>de</strong> repercussão geral<<strong>br</strong> />

(STF, Recurso Extraordinário 878.694/MG, Rel. Min. Luís Roberto Barroso).<<strong>br</strong> />

No total, já são sete votos nesse sentido, prolatados no dia 31 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2016 (além do Relator,<<strong>br</strong> />

dos Ministros Luiz <strong>Ed</strong>son Fachin, Teori Zavascki, Rosa Weber, Luiz Fux, Celso <strong>de</strong> Mello e Cármen<<strong>br</strong> />

Lúcia). O Ministro Dias Toffoli pediu vista dos autos, não encerrando o julgamento, o que não nos

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