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Manual de Direito Civil - Flávio Tartuce - 7ª Ed. - 2017 [materialcursoseconcursos.blogspot.com.br]

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das Coisas – é o ramo do <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong> que tem <strong>com</strong>o conteúdo relações jurídicas estabelecidas entre pessoas<<strong>br</strong> />

<strong>Direito</strong><<strong>br</strong> />

coisas <strong>de</strong>terminadas ou <strong>de</strong>termináveis. Como coisas, po<strong>de</strong>-se enten<strong>de</strong>r tudo aquilo que não é humano, conforme<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

no Capítulo 2 <strong>de</strong>sta o<strong>br</strong>a, ou ainda os bens corpóreos, na linha da polêmica existente na doutrina. No<<strong>br</strong> />

exposto<<strong>br</strong> />

do <strong>Direito</strong> das Coisas há uma relação <strong>de</strong> domínio exercida pela pessoa (sujeito ativo) so<strong>br</strong>e a coisa. Não há<<strong>br</strong> />

âmbito<<strong>br</strong> />

passivo <strong>de</strong>terminado, sendo esse toda a coletivida<strong>de</strong>. Segue-se a clássica conceituação <strong>de</strong> Clóvis Beviláqua<<strong>br</strong> />

sujeito<<strong>br</strong> />

entre outros, por Carlos Roberto Gonçalves, para quem o <strong>Direito</strong> das Coisas representa um <strong>com</strong>plexo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

citada,<<strong>br</strong> />

Os <strong>Direito</strong>s Reais formam o conteúdo principal do <strong>Direito</strong> das Coisas, mas não exclusivamente, eis que existem<<strong>br</strong> />

CC.<<strong>br</strong> />

que <strong>com</strong>põem a matéria e que não são <strong>Direito</strong>s Reais.<<strong>br</strong> />

institutos<<strong>br</strong> />

personalista – teoria pela qual os direitos reais são relações jurídicas estabelecidas entre pessoas, mas<<strong>br</strong> />

Teoria<<strong>br</strong> />

por coisas. Segundo Orlando Gomes, “a diferença está no sujeito passivo. Enquanto no direito<<strong>br</strong> />

intermediadas<<strong>br</strong> />

esse sujeito passivo – o <strong>de</strong>vedor – é pessoa certa e <strong>de</strong>terminada, no direito real seria in<strong>de</strong>terminada,<<strong>br</strong> />

pessoal,<<strong>br</strong> />

nesse caso uma o<strong>br</strong>igação passiva universal, a <strong>de</strong> respeitar o direito – o<strong>br</strong>igação que se concretiza toda<<strong>br</strong> />

havendo<<strong>br</strong> />

que alguém o viola”. 4 Essa teoria nega realida<strong>de</strong> metodológica aos <strong>Direito</strong>s Reais e ao <strong>Direito</strong> das Coisas,<<strong>br</strong> />

vez<<strong>br</strong> />

as expressões <strong>com</strong>o extensões <strong>de</strong> um campo metodológico.<<strong>br</strong> />

entendidas<<strong>br</strong> />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong><<strong>br</strong> />

pessoais e direitos reais, o que é confirmado por uma simples leitura do índice do CC/2002. Os direitos<<strong>br</strong> />

patrimoniais pessoais estão disciplinados no conteúdo do <strong>Direito</strong> das O<strong>br</strong>igações (arts. 233 a 420 e arts.<<strong>br</strong> />

854 a 965), do <strong>Direito</strong> Contratual (arts. 421 a 853) e do <strong>Direito</strong> <strong>de</strong> Empresa (arts. 966 a 1.195).<<strong>br</strong> />

Também há regras pessoais patrimoniais nos livros <strong>de</strong>dicados ao <strong>Direito</strong> <strong>de</strong> Família e ao <strong>Direito</strong> das<<strong>br</strong> />

Sucessões. Por outra via, os direitos patrimoniais <strong>de</strong> natureza real estão previstos entre os arts. 1.196 a<<strong>br</strong> />

1.510, no livro <strong>de</strong>nominado “Do <strong>Direito</strong> das Coisas” (Livro III).<<strong>br</strong> />

A utilização dos termos <strong>Direito</strong> das Coisas e <strong>Direito</strong>s Reais sempre gerou dúvidas entre os<<strong>br</strong> />

estudantes e aplicadores do <strong>Direito</strong>. Para a cabível diferenciação, po<strong>de</strong>­se dizer:<<strong>br</strong> />

–<<strong>br</strong> />

que regulamenta as relações dominiais existentes entre a pessoa humana e coisas apropriáveis. 1<<strong>br</strong> />

normas<<strong>br</strong> />

Reais – conjunto <strong>de</strong> categorias jurídicas relacionadas à proprieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>scritas inicialmente no art. 1.225 do<<strong>br</strong> />

<strong>Direito</strong>s<<strong>br</strong> />

–<<strong>br</strong> />

A utilização dos dois termos divi<strong>de</strong> a doutrina. <strong>Direito</strong>s Reais é usado por Caio Mário da Silva<<strong>br</strong> />

Pereira, Orlando Gomes, Sílvio <strong>de</strong> Salvo Venosa, Marco Aurélio S. Viana, Cristiano Chaves <strong>de</strong> Farias<<strong>br</strong> />

e Nelson Rosenvald. Já a expressão <strong>Direito</strong> das Coisas consta das o<strong>br</strong>as <strong>de</strong> Lafayette Rodrigues<<strong>br</strong> />

Pereira, Clóvis Beviláqua, Silvio Rodrigues, Washington <strong>de</strong> Barros Monteiro, Maria Helena Diniz,<<strong>br</strong> />

Arnaldo Rizzardo, Marco Aurélio Bezerra <strong>de</strong> Melo, Paulo Lôbo, Luciano <strong>de</strong> Camargo Penteado, Carlos<<strong>br</strong> />

Roberto Gonçalves e Álvaro Villaça Azevedo. Aliás, o último doutrinador, em o<strong>br</strong>a lançada no ano <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

2014, conceitua a expressão <strong>Direito</strong> das Coisas <strong>com</strong>o “o conjunto <strong>de</strong> normas reguladoras das relações<<strong>br</strong> />

jurídicas, <strong>de</strong> caráter econômico, entre as pessoas, relativamente a coisas corpóreas, capazes <strong>de</strong> satisfazer<<strong>br</strong> />

às suas necessida<strong>de</strong>s e suscetíveis <strong>de</strong> apropriação, <strong>de</strong>ntro do critério da utilida<strong>de</strong> e da rarida<strong>de</strong>”. 2<<strong>br</strong> />

Prefere­se a última expressão, por duas razões fundamentais. Primeiro, por explicar o ramo do<<strong>br</strong> />

<strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong> que ora se estuda. Segundo, porque o CC/2002 a utiliza para <strong>de</strong>notar o livro<<strong>br</strong> />

correspon<strong>de</strong>nte em que são abordados a posse e os direitos reais.<<strong>br</strong> />

A respeito dos direitos reais, da o<strong>br</strong>a clássica <strong>de</strong> Orlando Gomes, <strong>de</strong>vidamente atualizada por Luiz<<strong>br</strong> />

<strong>Ed</strong>son Fachin, po<strong>de</strong>m ser retiradas duas teorias justificadoras: 3<<strong>br</strong> />

a)<<strong>br</strong> />

b)<<strong>br</strong> />

realista ou clássica – o direito real constitui um po<strong>de</strong>r imediato que a pessoa exerce so<strong>br</strong>e a coisa, <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

Teoria<<strong>br</strong> />

contra todos (erga omnes). O direito real opõe-se ao direito pessoal, pois o último traz uma relação pessoa-<<strong>br</strong> />

eficácia<<strong>br</strong> />

pessoa, exigindo-se <strong>de</strong>terminados <strong>com</strong>portamentos.<<strong>br</strong> />

A última teoria parece ser a que melhor explica o fenômeno. Como ensina o próprio Orlando

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