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Manual de Direito Civil - Flávio Tartuce - 7ª Ed. - 2017 [materialcursoseconcursos.blogspot.com.br]

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CONCEITUAIS ENTRE OBRIGAÇÃO, DEVER, ÔNUS E DIREITO<<strong>br</strong> />

DIFERENÇAS<<strong>br</strong> />

POTESTATIVO<<strong>br</strong> />

– Contrapõe-se a um direito subjetivo <strong>de</strong> exigi-lo, constituindo, segundo Francisco<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

na “situação passiva que se caracteriza pela necessida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>vedor observar um certo <strong>com</strong>portamento,<<strong>br</strong> />

Amaral,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o interesse do titular do direito subjetivo”. 12 O engloba não só as relações<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>patível<<strong>br</strong> />

ou <strong>de</strong> direito pessoal, mas também aquelas <strong>de</strong> natureza real, relacionadas <strong>com</strong> o <strong>Direito</strong> das Coisas.<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>igacionais<<strong>br</strong> />

ter ainda por objeto o <strong>Direito</strong> <strong>de</strong> Família, o <strong>Direito</strong> das Sucessões, o <strong>Direito</strong> <strong>de</strong> Empresa e os direitos da<<strong>br</strong> />

Po<strong>de</strong>m<<strong>br</strong> />

Para diferenciá-lo da o<strong>br</strong>igação, salientam Giselda Hironaka e Renato Franco que “em sentido mais<<strong>br</strong> />

personalida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

situar-se-á a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> o<strong>br</strong>igação, referindo-se apenas ao <strong>de</strong>ver oriundo à relação jurídica creditória (pessoal,<<strong>br</strong> />

estrito,<<strong>br</strong> />

Mas não apenas isto. Na o<strong>br</strong>igação, em correspondência a este <strong>de</strong>ver jurídico <strong>de</strong> prestar (do<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>igacional).<<strong>br</strong> />

estará o direito subjetivo à prestação (do credor), direito este que, se violado – se ocorrer a inadimplência<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>vedor),<<strong>br</strong> />

parte do <strong>de</strong>vedor –, admitirá, ao seu titular (o credor), buscar no patrimônio do responsável pela inexecução (o<<strong>br</strong> />

por<<strong>br</strong> />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong><<strong>br</strong> />

bens que estão protegidos, constam do rol do art. 833, que não utiliza mais a expressão “bens<<strong>br</strong> />

absolutamente impenhoráveis”, mas apenas bens “impenhoráveis”, em um sentido <strong>de</strong> relativização ou<<strong>br</strong> />

a<strong>br</strong>andamento, pela retirada do superlativo, o que veio em boa hora.<<strong>br</strong> />

Ainda so<strong>br</strong>e o elemento imaterial o<strong>br</strong>igacional, <strong>de</strong>ve­se <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r que está superada a teoria<<strong>br</strong> />

monista ou unitária da o<strong>br</strong>igação, pela qual essa seria consubstanciada por um único elemento: o<<strong>br</strong> />

vínculo jurídico que une a prestação e os elementos subjetivos. Prevalece atualmente na doutrina<<strong>br</strong> />

contemporânea a teoria dualista ou binária, <strong>de</strong> origem alemã, pela qual a o<strong>br</strong>igação é concebida por<<strong>br</strong> />

uma relação débito/crédito. A teoria é atribuída, no <strong>Direito</strong> Alemão e entre outros, a Alois Brinz, tendo<<strong>br</strong> />

sido <strong>de</strong>senvolvida no final do século XIX.<<strong>br</strong> />

A superação daquela velha teoria po<strong>de</strong> ser percebida a partir do estudo dos dois elementos básicos<<strong>br</strong> />

da o<strong>br</strong>igação: o débito (Schuld) e a responsabilida<strong>de</strong> (Haftung), so<strong>br</strong>e os quais a o<strong>br</strong>igação se encontra<<strong>br</strong> />

estruturada. 11<<strong>br</strong> />

Inicialmente, o Schuld é o <strong>de</strong>ver legal <strong>de</strong> cumprir <strong>com</strong> a o<strong>br</strong>igação, o <strong>de</strong>ver existente por parte do<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>vedor. Havendo o adimplemento da o<strong>br</strong>igação surgirá apenas esse conceito. Mas, por outro lado, se a<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>igação não é cumprida, surgirá a responsabilida<strong>de</strong>, o Haftung. Didaticamente, po<strong>de</strong>­se utilizar a<<strong>br</strong> />

palavra Schuld <strong>com</strong>o sinônima <strong>de</strong> <strong>de</strong>bitum e Haftung, <strong>de</strong> obligatio.<<strong>br</strong> />

Sem dúvida é possível i<strong>de</strong>ntificar uma situação em que há Schuld sem Haftung (<strong>de</strong>bitum sem<<strong>br</strong> />

obligatio), qual seja, na o<strong>br</strong>igação natural, que mesmo existente não po<strong>de</strong> ser exigida, pois é uma<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>igação in<strong>com</strong>pleta. Cite­se, a título <strong>de</strong> exemplo, a dívida prescrita, que po<strong>de</strong> ser paga – por existir –,<<strong>br</strong> />

mas não po<strong>de</strong> ser exigida. Tanto isso é verda<strong>de</strong> que, paga uma dívida prescrita, não caberá ação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

repetição <strong>de</strong> indébito (art. 882 do CC).<<strong>br</strong> />

Por outro lado, haverá Haftung sem Schuld (obligatio sem <strong>de</strong>bitum) na fiança, garantia pessoal<<strong>br</strong> />

prestada por alguém (fiador) em relação a um <strong>de</strong>terminado credor. O fiador assume uma<<strong>br</strong> />

responsabilida<strong>de</strong>, mas a dívida é <strong>de</strong> outra pessoa. O contrato <strong>de</strong> fiança é cele<strong>br</strong>ado substancialmente<<strong>br</strong> />

entre fiador e credor. Tanto isso é verda<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> ser cele<strong>br</strong>ado sem o consentimento do <strong>de</strong>vedor ou<<strong>br</strong> />

até contra a sua vonta<strong>de</strong> (art. 820 do CC).<<strong>br</strong> />

Justamente por tais possibilida<strong>de</strong>s é que se enten<strong>de</strong>, <strong>com</strong>o parte da doutrina, que a teoria monista<<strong>br</strong> />

ou unitária encontra­se superada, prevalecendo atualmente a teoria dualista ou binária. A última visão,<<strong>br</strong> />

mais <strong>com</strong>pleta, acaba sendo a mais a<strong>de</strong>quada para explicar o fenômeno contemporâneo o<strong>br</strong>igacional,<<strong>br</strong> />

principalmente nos casos <strong>de</strong>scritos.<<strong>br</strong> />

3.2<<strong>br</strong> />

Os conceitos apontados são fundamentais para a <strong>com</strong>preensão da matéria. Vejamos <strong>de</strong> forma<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>talhada:<<strong>br</strong> />

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