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Manual de Direito Civil - Flávio Tartuce - 7ª Ed. - 2017 [materialcursoseconcursos.blogspot.com.br]

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<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong><<strong>br</strong> />

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art. 3.º, V, da Lei n. 8.009/1990, a qual autoriza a penhora <strong>de</strong> bem <strong>de</strong> família dado em garantia<<strong>br</strong> />

hipotecária na hipótese <strong>de</strong> dívida constituída em favor <strong>de</strong> entida<strong>de</strong> familiar”. Isso porque, “se a<<strong>br</strong> />

ausência <strong>de</strong> registro da hipoteca não a torna inexistente, mas apenas válida inter partes <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

crédito pessoal, a ausência <strong>de</strong> registro da hipoteca não afasta a exceção à regra <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

impenhorabilida<strong>de</strong> prevista no art. 3.º, V, da Lei n. 8.009/1990” (STJ, REsp 1.455.554/RN, Rel.<<strong>br</strong> />

Min. João Otávio <strong>de</strong> Noronha, j. 14.06.2016, DJe 16.06.2016, publicado no seu Informativo n.<<strong>br</strong> />

585).<<strong>br</strong> />

No caso <strong>de</strong> o imóvel ter sido adquirido <strong>com</strong>o produto <strong>de</strong> crime ou para a execução <strong>de</strong> sentença<<strong>br</strong> />

penal con<strong>de</strong>natória <strong>de</strong> ressarcimento, in<strong>de</strong>nização ou perdimento <strong>de</strong> bens. Consigne­se que,<<strong>br</strong> />

conforme <strong>de</strong>cisões anteriores do STJ, haveria a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma expressa e prévia sentença<<strong>br</strong> />

penal con<strong>de</strong>natória para que a in<strong>de</strong>nização por ato ilícito que<strong>br</strong>asse <strong>com</strong> a proteção do bem <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

família (por todas: STJ, REsp 711.889/PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 22.06.2010,<<strong>br</strong> />

Informativo n. 440 do STJ). Todavia, em 2016 foi publicado <strong>de</strong>cisum em sentido diverso quanto<<strong>br</strong> />

ao bem adquirido <strong>com</strong>o produto <strong>de</strong> crime, <strong>de</strong>duzindo que “à incidência da norma inserta no inciso<<strong>br</strong> />

VI do art. 3.º da Lei n. 8.009/1990, isto é, da exceção à impenhorabilida<strong>de</strong> do bem <strong>de</strong> família em<<strong>br</strong> />

virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter sido adquirido <strong>com</strong> o produto <strong>de</strong> crime, forçoso reconhecer a dispensa <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

con<strong>de</strong>nação criminal transitada em julgado, porquanto inexiste <strong>de</strong>terminação legal neste sentido.<<strong>br</strong> />

Afinal, caso fosse a intenção do legislador exigir sentença penal con<strong>de</strong>natória para a exceção<<strong>br</strong> />

prevista na primeira parte do inciso VI, teria assim feito expressamente, <strong>com</strong>o o fez <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

segunda parte do referido dispositivo. Logo, não havendo <strong>de</strong>terminação expressa na lei no sentido<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> que a exceção (bem adquirido <strong>com</strong> produto <strong>de</strong> crime) exija a existência <strong>de</strong> sentença penal<<strong>br</strong> />

con<strong>de</strong>natória, temerário seria adotar outra interpretação, sob pena <strong>de</strong> malograr o propósito<<strong>br</strong> />

expressamente almejado pela norma, direcionado a não estimular a prática ou reiteração <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ilícitos. Assim, o <strong>com</strong>etimento <strong>de</strong> crime e o fato <strong>de</strong> o imóvel ter sido adquirido <strong>com</strong> seus<<strong>br</strong> />

proveitos é suficiente para afastar a impenhorabilida<strong>de</strong> do bem <strong>de</strong> família” (STJ, REsp<<strong>br</strong> />

1.091.236/RJ, Rel. Min. Marco Buzzi, j. 15.12.2015, DJe 1.º.02.2016).<<strong>br</strong> />

Por o<strong>br</strong>igação <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> fiança concedida em contrato <strong>de</strong> locação <strong>de</strong> imóvel urbano, exceção<<strong>br</strong> />

que foi introduzida pelo art. 82 da Lei 8.245/1991.<<strong>br</strong> />

Em relação a essa última exceção (art. 3.º, VII, da Lei 8.009/1990), sempre divergiram doutrina e<<strong>br</strong> />

jurisprudência no que tange à sua suposta inconstitucionalida<strong>de</strong>. A problemática foi <strong>de</strong>batida pelo<<strong>br</strong> />

Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral entre os anos <strong>de</strong> 2005 e 2006.<<strong>br</strong> />

Em <strong>de</strong>cisão monocrática do ano <strong>de</strong> 2005, o então Ministro Carlos Velloso enten<strong>de</strong>u pela<<strong>br</strong> />

inconstitucionalida<strong>de</strong> da norma, tese a qual se filia (nesse sentido, ver: STF, RE 352.940/SP, Rel. Min.<<strong>br</strong> />

Carlos Velloso, j. 25.04.2005). O primeiro argumento é a festejada proteção da moradia e da dignida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

humana, retiradas do art. 6.º do Texto Maior. O segundo argumento é a lesão à isonomia e à<<strong>br</strong> />

razoabilida<strong>de</strong>, uma vez que o locatário, <strong>de</strong>vedor principal, não per<strong>de</strong> o bem <strong>de</strong> família, ao contrário do<<strong>br</strong> />

fiador. Ora, sabe­se que a fiança é contrato acessório e, <strong>com</strong>o tal, não po<strong>de</strong> trazer mais o<strong>br</strong>igações que o<<strong>br</strong> />

contrato principal.<<strong>br</strong> />

Todavia, o plenário do Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral julgou a questão em 8 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2006 e, por<<strong>br</strong> />

maioria <strong>de</strong> votos (7 a 3), enten<strong>de</strong>u pela constitucionalida<strong>de</strong> da norma (nesse sentido, ver: STF, RE<<strong>br</strong> />

407.688/SP, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 08.02.2006). Primeiro, porque a lei do bem <strong>de</strong> família é clara ao<<strong>br</strong> />

prever a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> penhora do imóvel <strong>de</strong> residência <strong>de</strong> fiador <strong>de</strong> locação <strong>de</strong> imóvel urbano, sendo<<strong>br</strong> />

esta regra inafastável. Em suma, quando o fiador assina o contrato sabe que po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r o bem <strong>de</strong> família.<<strong>br</strong> />

A<strong>de</strong>mais, enten<strong>de</strong>u­se que a norma protege o mercado imobiliário, <strong>de</strong>vendo ainda ter aplicação, nos<<strong>br</strong> />

termos do art. 170 da CF/1988.<<strong>br</strong> />

Apesar do julgamento pelo STF, <strong>de</strong>staque­se que muitos Tribunais Estaduais vêm se filiando ao<<strong>br</strong> />

entendimento da inconstitucionalida<strong>de</strong>, conforme tabela a seguir:

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