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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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108 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

que Agostinho usava para persuadir os catecúmenos. Ao contrário,<br />

o Evangelista quer dizer, em minha opinião, que não eram considerados<br />

por Cristo como legítimos discípulos, senão que os reputava<br />

como levianos e frívolos.<br />

Esta passagem precisa ser criteriosamente examinada: nem todo<br />

aquele que professa pertencer a Cristo desfruta de sua real estima.<br />

Contudo, é preciso acrescentar a razão que segue imediatamente.<br />

Porque ele mesmo sabia o que estava no homem. Não existe<br />

nada mais danoso do que a hipocrisia. Por essa razão, entre outras,<br />

ela é um erro excessivamente comum. Dificilmente existe uma pessoa<br />

que não se agrade de si mesma, e enquanto nos enganamos com fúteis<br />

lisonjas, cremos que Deus é tão cego quanto nós. Aqui, porém, somos<br />

advertidos sobre quão amplamente seu juízo difere do nosso, pois ele<br />

vê claramente aquelas coisas que escapam a nossa observação, visto<br />

que as mesmas se ocultam por detrás de máscaras. Por isso, ele as<br />

avalia segundo sua fonte oculta, isto é, segundo a atitude mais secreta<br />

do coração, as coisas que reluzem aos nossos olhos com seu falso brilho.<br />

Isso é precisamente o que Salomão expressa em Provérbios 21.2:<br />

“Todo caminho do homem é reto aos seus olhos, mas o Senhor sonda<br />

os corações.” Lembremo-nos, pois, que só são verdadeiros discípulos<br />

de Cristo aqueles que são aprovados por ele, porque só ele é o árbitro<br />

competente e juiz da presente matéria.<br />

Onde o Evangelista afirma que Cristo conhece todos os homens,<br />

pode-se perguntar se sua intenção visava somente àqueles de quem se<br />

referia diretamente ou se a referência é a toda a raça humana. Muitos o<br />

estendem à natureza comum do homem, e creem que o mundo inteiro<br />

é aqui condenado de ímpia e infiel hipocrisia. E, certamente, ele é um<br />

genuíno juízo que nada encontra nos homens para que Cristo os aceite<br />

no número dos seus. Mas não vejo como isso se enquadra no contexto,<br />

e, portanto, o limito aos que foram mencionados.<br />

Como era possível que se nutrisse dúvida sobre onde Cristo teria<br />

obtido tal conhecimento, o Evangelista antecipa a pergunta e replica<br />

que tudo quanto nos homens se acha oculto aos nossos olhos é

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