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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 4 • 193<br />

mita o método de Cristo de conceder assistência, isso mostra quão<br />

ignorante ele era. Pois vê o poder de Cristo como inseparavelmente<br />

conectado a sua presença corporal, da qual é evidente que ele não<br />

formara nenhum outro conceito sobre Cristo além deste: que ele<br />

era Profeta enviado por Deus com autoridade e poder que provam,<br />

pela realização de milagres, ser ele ministro de Deus. Tal erro, ainda<br />

que merecedor de censura, Cristo passa por alto, porém o repreende<br />

severamente, aliás, a todos os judeus em geral, por outra razão:<br />

sua excessiva avidez por contemplar milagres.<br />

Mas como agora sucede que Cristo seja tão áspero, quando<br />

costumava receber bondosamente outros que queriam milagres?<br />

Teria havido naquele momento alguma razão particular, ainda que<br />

desconhecida de nós, pela qual ele tratou este homem com certo<br />

grau de severidade, o que não era comum nele; e talvez ele visasse<br />

não tanto ao indivíduo, mas à nação inteira. Ele entendeu que a<br />

doutrina de Cristo não era de grande autoridade, e por isso não só<br />

a negligenciou, mas ainda a desprezou totalmente; e, em contrapartida,<br />

todos seus olhos estavam fixos nos milagres e todos seus<br />

sentidos se achavam dominados pela estupidez antes que pela<br />

admiração. E assim o ímpio desprezo pela Palavra de Deus, que<br />

naquele tempo prevalecia, o constrangeu a fazer tal censura.<br />

Aliás, na verdade até mesmo alguns dos santos às vezes desejavam<br />

ser confirmados por milagres a fim de não nutrirem alguma<br />

dúvida quanto à veracidade das promessas; e notamos como Deus,<br />

ao bondosamente atender suas solicitações, mostrou que não<br />

estava ofendido por eles. Cristo, porém, descreve aqui uma perversidade<br />

muito mais grave; pois os judeus dependiam tanto de<br />

milagres que não deixavam qualquer espaço à Palavra. Em primeiro<br />

lugar, era excessivamente perverso que se deixar dominar pela estupidez<br />

e carnalidade, ao ponto de não sentir qualquer reverência<br />

pela doutrina, a não ser que fossem estimulados por milagres; pois<br />

deveriam estar bem familiarizados com a Palavra de Deus, na qual<br />

haviam sido educados desde sua infância. Em segundo lugar, quan-

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