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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 6 • 283<br />

tar deste pão, a fim de derivarmos vida dele. 40 Tampouco é sem boas<br />

razões que ele age assim, pois há poucos que se dignam de estender<br />

sua mão para levar este pão a sua boca. E ainda quando o Senhor o<br />

põe em sua boca, há poucos que o degustam com real prazer, senão<br />

que alguns se enchem de vento e outros – como Tântalo – morrem de<br />

inanição em virtude de sua própria estultícia, enquanto o alimento se<br />

acha bem diante deles.<br />

O pão que darei é minha carne. Como este poder secreto de<br />

outorgar vida, do qual ele tem falado, pode referir-se a sua essência<br />

divina, ele agora dá um segundo passo e mostra que essa vida está<br />

situada em sua carne para que seja daí extraída. Indubitavelmente, é<br />

um maravilhoso propósito divino que Deus nos tenha exibido a vida<br />

nessa carne, onde anteriormente nada havia senão causa de morte. E,<br />

assim, ele provê para nossa fraqueza, quando não nos arrasta acima<br />

das nuvens para desfrutarmos da vida, senão que a exibe na terra, da<br />

mesma maneira como se ele nos fosse elevar até os segredos de seu<br />

reino. E não obstante, enquanto corrige a soberba de nossa mente,<br />

ele testa a humildade e obediência de nossa fé, quando ele prescreve<br />

aos que buscariam a vida a depositar confiança na carne dele, a qual é<br />

desprezível em sua aparência.<br />

Mas, uma objeção vem a lume, a saber, que a carne de Cristo não<br />

pode dar vida, porque ela era passível de morte, e porque ainda agora<br />

não é inerentemente imortal, e, em segundo lugar, que de forma alguma<br />

pertence à natureza da carne vivificar as almas. Minha resposta é que,<br />

embora tal poder emane de uma outra fonte distinta da carne, não obstante<br />

esta não é a razão por que a designação não possa aplicar-lhe com<br />

exatidão, pois como o eterno Verbo de Deus é a fonte da vida [Jo 1.4],<br />

assim sua carne, como um canal, nos comunica aquela vida que habita<br />

intrinsecamente, por assim dizer, em sua deidade. E, neste sentido, ela<br />

é chamada doadora de vida, porque nos comunica aquela vida que nos<br />

é emprestada de outra fonte. Isso não é difícil de entender, se conside-<br />

40 “Laquelle seule fait que nous tirons vie de ce pain”.

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