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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 8 • 373<br />

de vícios pelos quais o homem se sobrecarrega, mais ardentemente<br />

ele pronuncia palavras sem sentido para enaltecer o livre-arbítrio.<br />

É como se Cristo nada mais dissesse aqui senão o que disseram<br />

antigamente os filósofos, a saber, que aqueles que se devotam a suas<br />

luxúrias vivem sujeitos à mais degradante escravidão. Há, porém, um<br />

significado mais profundo e mais oculto. Pois ele não argumenta sobre<br />

o que os homens maus trazem em sua própria natureza, mas qual é a<br />

condição da natureza humana. Os filósofos pensavam que cada um é<br />

escravo por seu próprio arbítrio, e que pelo mesmo arbítrio ele readquire<br />

a liberdade. Aqui, porém, Cristo afirma que todos quantos não se<br />

deixam libertar por ele vivem em um estado de escravidão, e que todos<br />

quantos derivam o contágio do pecado da natureza corrompida são<br />

escravos desde seu nascimento. Devemos atentar para a comparação<br />

entre graça e natureza, sobre as quais Cristo aqui insiste, do quê se<br />

torna fácil ver que os homens serão destituídos de liberdade, a menos<br />

que a conquistem de alguma outra fonte. Não obstante, essa escravidão<br />

é voluntária, de modo que, os que necessariamente pecam, não<br />

são compelidos a pecar.<br />

35. Ora, o escravo não permanece sempre na casa. Ele adiciona<br />

uma comparação, extraída das leis e da lei política, no sentido em que<br />

um escravo, ainda que tenha poder por algum tempo, todavia não é o<br />

herdeiro da casa, do quê ele infere que não há liberdade perfeita e durável,<br />

senão que é obtida através do Filho. E assim ele acusa os judeus<br />

de futilidade, porque usavam apenas uma máscara em vez da realidade.<br />

Porque, quanto a serem eles descendência de Abraão, nada mais<br />

eram que uma mera máscara. Mantinham um lugar na Igreja de Deus,<br />

porém o lugar de Ismael, um escravo, que se pôs contra seu irmão<br />

nascido livre, usurpado por breve tempo [Gl 4.29]. A conclusão é que<br />

todos quantos se vangloriam de ser filhos de Abraão nada possuem<br />

senão uma fútil e ilusória pretensão.<br />

36. Se, pois, o Filho vos libertar. Com estas palavras ele quer<br />

dizer que o direito de liberdade pertence unicamente a ele mesmo, e<br />

que todos os demais, nascendo escravos, não podem ser libertados

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