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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 11 • 495<br />

própria opinião. O evangelista, porém, tem em mente que um impulso<br />

superior guiou sua língua, porquanto Deus pretendia que o mesmo<br />

levasse ao conhecimento, por seus lábios, algo superior ao que veio<br />

a sua mente. Caifás, portanto, por assim dizer, naquele momento<br />

possuía duas línguas, porque vomitava o perverso e cruel desígnio<br />

de entregar Cristo à morte, o que havia concebido em sua mente, no<br />

entanto Deus converteu sua língua visando a um propósito diferente,<br />

de modo que, sob palavras ambíguas, ele igualmente pronunciou<br />

uma predição. Deus pretendia que o oráculo celestial procedesse da<br />

cátedra do sumo sacerdote, para que os judeus tivessem menos justificativa.<br />

Porque, ainda que nenhuma pessoa em toda aquela assembleia<br />

tivesse despertada sua consciência, todavia depois perceberam que<br />

sua insensibilidade não tinha direito ao perdão. Tampouco a perversidade<br />

de Caifás obstou sua língua de ser o órgão do Espírito Santo,<br />

pois Deus olhava para o sacerdócio que havia instituído, e não para a<br />

pessoa do homem que o exercia. E essa era a razão à qual relanceio, a<br />

saber, que uma voz emitida de um lugar soberano fosse mais distintamente<br />

ouvida e granjeasse maior reverência e autoridade. Do mesmo<br />

modo, Deus pretendia abençoar seu povo pela boa de Balaão, a quem<br />

outorgara o espírito de profecia.<br />

Mas é sumamente ridículo nos papistas inferirem eles deste fato<br />

que devemos considerar como oráculo tudo quanto o sumo sacerdote<br />

romano crê estar apto a pronunciar. Primeiro, admitindo o que<br />

é falso, a saber, que todo homem que vem a ser sumo sacerdote é<br />

igualmente um profeta, até que tenham a condição de provar que<br />

o sumo sacerdote romano foi designado pelo mandamento de Deus,<br />

porque o sacerdócio foi abolido pela vinda de um homem, que é Cristo,<br />

e não lemos em parte alguma que ele foi posteriormente ordenado<br />

por Deus, que alguém seria o soberano de toda a Igreja. Em segundo<br />

lugar, admitindo-lhes que o poder e título de sumo sacerdote foram<br />

comunicados ao bispo de Roma, é preciso observar que proveito tiveram<br />

os sacerdotes que aceitaram a predição de Caifás. A fim de<br />

concorrerem em sua opinião, conspiraram entregar Cristo à morte.

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