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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 1 • 35<br />

conceituação desta ideia: antes de Deus haver construído o mundo,<br />

ele delineara em sua mente a forma de toda a obra; e já que a criação<br />

do mundo fora ordenada em Cristo, a vida dessas coisas ainda<br />

não existia nele. Veremos mais adiante quão longe tal ideia estava do<br />

pensamento do Evangelista. Agora, volto à primeira sentença. Não há<br />

nenhuma redundância defeituosa (περιττολογία) como parece haver.<br />

Pois visto que Satanás aplica toda sua energia para tirar qualquer coisa<br />

de Cristo, o Evangelista propôs declarar expressamente que nada,<br />

absolutamente, se deve excetuar daquelas coisas que foram criadas.<br />

4. Nela estava a vida. Até aqui, ele nos ensinou que todas as coisas<br />

foram criadas pela Palavra de Deus. Agora, da mesma forma, atribui-<br />

-lhe a preservação do que fora criado, como se pretendesse dizer que,<br />

na criação do mundo, seu poder não apareceu meramente de súbito<br />

para, em seguida, desaparecer, mas que o mesmo se faz visível na<br />

preservação da ordem fixa e estável da natureza – exatamente como<br />

em Hebreus 1.3 está expresso que Deus sustenta todas as coisas pela<br />

Palavra ou comando de seu poder. Além do mais, essa vida pode ser<br />

ou uma referência mais extensa às criaturas inanimadas, as quais têm<br />

sua vida própria, ainda que lhes falte emoção, ou uma referência exclusivamente<br />

à vida animada. Pouco importa a escolha que o leitor faça,<br />

pois a ideia simplesmente consiste em que a Palavra de Deus não foi<br />

apenas a fonte de vida para todas as criaturas, tanto que as que ainda<br />

não existiam vieram à existência, mas que seu poder gerador de vida<br />

as fez permanecer em seu estado. Pois se sua inspiração não houvera<br />

mantido vivo o mundo, o que quer que florescesse, sem dúvida alguma,<br />

murcharia imediatamente ou se reduziria a nada. Em suma, o que<br />

Paulo atribui a Deus, que nele temos nosso ser, nos movemos e vivemos<br />

[At 17.28], <strong>João</strong> declara ser efetuado pela agência graciosa da Palavra.<br />

É Deus, pois, quem nos outorga a vida; mas ele o faz pela instrumentalidade<br />

da Palavra eterna.<br />

A vida era a luz dos homens. Deliberadamente, desconsidero<br />

qualquer outra interpretação que não esteja em harmonia com a intenção<br />

do Evangelista. Creio ser esta uma referência àquela parte da vida

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