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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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290 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

do Cristo deu a todos o pão. Pois como é uma flagrante demonstração<br />

de ignorância limitar esta doutrina ao sinal externo, assim devemos<br />

ter em mente o que dissemos previamente: que a doutrina que aqui se<br />

ensina é selada na Ceia do Senhor. Ora, é certo, em primeiro lugar, que<br />

Judas jamais foi membro de Cristo. Em segundo lugar, é cabalmente<br />

irracional imaginar a carne de Cristo sendo morta e destituída do Espírito<br />

Santo. Finalmente, é uma zombaria sonhar ser possível comer a<br />

carne de Cristo sem fé, visto ser a fé, por assim dizer, a única boca e<br />

estômago da alma.<br />

57. Como o Pai que vive me enviou. Até aqui Cristo explicou<br />

a maneira como devemos tornar-nos participantes da vida. Ele agora<br />

passa a falar da causa primordial, visto que a fonte primeira da vida<br />

está no Pai. Ele, porém, responde a uma objeção, pois se poderia pensar<br />

que ele usurpa de Deus aquilo que lhe pertence, ao fazer-se a causa<br />

da vida. Portanto, ele faz de si mesmo o Autor da vida, de uma forma<br />

tal como se reconhecesse que houve outro que lhe deu aquilo que ele<br />

administra a outrem.<br />

Observemos, pois, que este discurso é também acomodado à capacidade<br />

daqueles a quem Cristo estava falando, pois só é com respeito a<br />

sua carne que ele se compara ao Pai. Pois ainda que o Pai seja o princípio<br />

da vida, não obstante o próprio Verbo eterno é estritamente a vida.<br />

Mas a deidade eterna de Cristo não é o tema presente, porque ele se<br />

exibe tal como se manifestou ao mundo, vestido com nossa carne.<br />

Eu também vivo em função do Pai. Isso não se aplica a sua<br />

simples deidade, nem se aplica a sua simples e intrínseca natureza<br />

humana, mas é uma descrição do Filho de Deus manifestado na carne.<br />

Além disso, sabemos que não era incomum Cristo atribuir ao Pai tudo<br />

o que era divino que possuía em si. É preciso observar, contudo, que<br />

ele realça aqui três graus de vida. Na primeira posição está o Pai vivo,<br />

que é a fonte, porém remota e oculta. Em seguida vem o Filho, que nos<br />

é exibido como uma fonte aberta e por meio de quem a vida nos emana.<br />

O terceiro grau é a vida que extraímos dele. Agora percebemos que<br />

o exposto equivale a isto: que Deus o Pai, em quem a vida é inerente,

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