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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 2 • 93<br />

A presença de vasos tão numerosos e tão grandes, postos ali, procedia<br />

da superstição. Haviam recebido da lei de Deus a cerimônia da<br />

lavagem. Uma vez, porém, que o mundo seja tão inclinado aos excessos<br />

externos, os judeus, não satisfeitos com a simplicidade ordenada por<br />

Deus, divertiam-se com constantes aspersões. E já que a superstição é<br />

ambiciosa, indubitavelmente conduziu à ostentação. Da mesma forma,<br />

vemos no papado de hoje que tudo quanto se diz pertencer ao culto<br />

divino é exposto por mero exibicionismo. Houve, pois, um duplo erro:<br />

sem qualquer mandamento da parte de Deus, se envolveram precipitadamente<br />

numa desnecessária cerimônia de seu próprio invento. Da<br />

mesma forma, a pretexto da religião, a ambição comandou essa pompa.<br />

Certos escandalosos dentro do papado tiveram a assombrosa e<br />

perversa ousadia de fazer a exibição de algumas talhas como sendo<br />

aquelas mesmas talhas com que Cristo realizou este milagre em Caná. 7<br />

Mas, em primeiro lugar, são pequenas demais, bem como desiguais em<br />

tamanho. Até hoje, quando a luz do evangelho se encontra tão claramente<br />

ao nosso redor, não se envergonham de praticar essas artimanhas, as<br />

quais certamente não é enganar com encantamentos, mas ousadamente<br />

zombar dos homens como se fossem cegos; e o mundo, que não percebe<br />

zombaria tão grosseira, é evidentemente enfeitiçado por Satanás.<br />

7. Enchei as talhas com água. É possível que tal ordem tenha parecido<br />

absurda aos servos, pois já tinham água mais que suficiente. Mas<br />

esse é o modo como o Senhor costuma agir em relação a nós, a fim<br />

de que um resultado inesperado faça seu poder resplandecer de forma<br />

ainda mais extraordinária. Esse detalhe é introduzido para enfatizar a<br />

natureza do milagre; pois quando os servos tiraram o vinho dos vasos<br />

que tinha enchido com água, não era possível restar qualquer suspeita.<br />

8. Levai ao administrador da festa. Pela mesma razão de antes,<br />

Cristo queria que o vinho fosse provado pelo administrador da festa,<br />

antes que ele mesmo ou algum outro dos convivas dele bebessem. À luz<br />

do modo tranquilo como os servos o obedeceram em tudo, podemos<br />

7 “Qu’ils avoyent entre leurs reliques de ces cruches, esquelles Christ avoit fait ce miracles<br />

en Cana, et em monstroyent.”

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