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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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482 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

afetos humanos, porém sem desordem (ὰταξία), pois aquele que obedece<br />

às paixões da carne não é obediente a Deus. Aliás, Cristo era aflito<br />

e veementemente agitado, mas, ao mesmo tempo, ele se mantinha em<br />

sujeição à vontade do Pai. Em suma, se suas emoções forem comparadas<br />

com as nossas, sua diferença não será menos que a água pura e<br />

límpida, fluindo em um curso sereno, da espuma suja e barrenta.<br />

O exemplo de Cristo deve ser em si mesmo suficiente para desfazer<br />

a austeridade inflexível que os estóicos demandam, pois em que<br />

outra fonte devemos buscar a norma da suprema perfeição senão em<br />

Cristo? Devemos antes tudo fazer por corrigir e subjugar aquela obstinação<br />

que permeia nossos afetos em decorrência do pecado de Adão,<br />

e, ao fazer isso, seguir a Cristo como nosso Líder, para que ele nos traga<br />

em sujeição. Assim Paulo não demanda de nós estupidez inflexível,<br />

porém nos ordena que observemos moderação em nosso pranto, para<br />

que não nos entreguemos à tristeza como fazem os incrédulos que não<br />

têm esperança [1Ts 4.13], pois inclusive Cristo assumiu em si os afetos,<br />

para que, em seu poder, pudéssemos subjugar tudo aquilo que, neles,<br />

é pecaminoso.<br />

36. Eis como ele o amava! O evangelista <strong>João</strong>, aqui, nos descreve<br />

duas opiniões distintas que se formaram acerca de Cristo. Quanto à<br />

primeira, a saber, Eis como o amava!, ainda que pensassem menos dignamente<br />

de Cristo do que deveriam fazer, visto que nada lhe atribuíam<br />

senão o que pertence a um ser humano comum, contudo falam dele<br />

com maior candura e modéstia do que os últimos, que maliciosamente<br />

o difamam por não ter impedido que Lázaro morresse. Porque, embora<br />

aplaudissem o poder de Cristo, do qual os primeiros nada disseram,<br />

todavia agem assim não sem dirigir-lhe alguma censura. É bastante<br />

evidente à luz de suas palavras que os milagres que Cristo realizava<br />

não lhes eram desconhecidos, mas tanto mais execrável era sua ingratidão,<br />

que se queixam sem qualquer escrúpulo, porque agora, em um<br />

único caso, se abstiveram de agir. Os homens sempre foram ingratos<br />

em relação a Deus da mesma forma, e continuam agindo assim. Se não<br />

veem todos seus desejos satisfeitos, imediatamente se põem a quei-

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