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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 9 • 397<br />

paciência, como vemos o caso do santo Jó – homem justo, e que<br />

era temente a Deus, 2 e que se torna o mais miserável de todos os<br />

homens. E, no entanto, não é por causa de seus pecados que é dolorosamente<br />

afligido, senão que o propósito divino era diferente,<br />

a saber, para que sua piedade fosse mais plenamente certificada<br />

inclusive na adversidade. Portanto, são falsos intérpretes os que<br />

asseveram que todas as aflições, sem qualquer distinção, são enviadas<br />

em decorrência de pecados, como se a medida de castigos<br />

fosse igual, ou como se Deus nada mais considerasse ao castigar os<br />

homens além daquilo que cada um merece.<br />

Por isso, aqui há duas coisas que devem ser observadas: que o<br />

juízo começa, na maioria das vezes, na casa de Deus [1Pe 4.17], e, consequentemente,<br />

enquanto passa por alto os perversos, ele castiga seu<br />

próprio com severidade, quando este o ofende, e que, ao corrigir as<br />

atitudes pecaminosas da Igreja, seus açoites são muito mais severos.<br />

Em seguida devemos observar que há várias razões pelas quais ele<br />

aflige os homens, pois ele entregou Pedro e Paulo nas mãos do executor,<br />

como se fossem os mais perversos ladrões. Daí inferirmos que<br />

nem sempre podemos pôr nosso dedo nas causas do castigo que os<br />

homens têm de suportar.<br />

Quando os discípulos, seguindo a opinião popular, formulam a<br />

pergunta, que tipo de pecado era aquele que o Deus do céu castigava<br />

mesmo antes que esse homem nascesse, sua opinião não é tão absurda<br />

como quando perguntam se ele havia pecado antes de nascer. E, no<br />

entanto, esta pergunta, por mais absurda que seja, foi extraída de uma<br />

opinião popular que prevalecia naquele tempo, pois é bem evidente,<br />

à luz de outras passagens bíblicas, que eles criam na transmigração<br />

(μετεμψύχωσις) de que sonhava Pitágoras, ou que as almas passavam<br />

de um corpo para outro. 3 Com isso notamos que a curiosidade dos homens<br />

é um labirinto excessivamente profundo, especialmente quando<br />

se lhe acrescenta presunção. Notavam que alguns nasciam aleijados,<br />

2 “Homme juste, et craignant Dieu”.<br />

3 “Que les ames passoyent d’un corps en l’autre”.

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