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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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396 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

as aflições que sobrevêm pesadamente sobre ela são castigos infligidos<br />

pela mão divina. Aqui, porém, comumente erramos de três formas.<br />

Eis o primeiro erro: enquanto cada ser humano está pronto a censurar<br />

outrem com extrema mordacidade, há poucos que aplicam a si<br />

mesmos, como se deve fazer, a mesma severidade. Se meu irmão tem<br />

um encontro com a adversidade, instantaneamente reconheço o juízo<br />

divino, mas se Deus me castiga com um golpe mais pesado, eu fecho<br />

os olhos para meus pecados. Ao considerar os castigos, porém, cada<br />

um deve começar por sua própria pessoa, e ser menos piedoso para<br />

consigo mesmo do que para com outrem. Portanto, ser quisermos ser<br />

juízes cândidos nesta matéria, aprendamos a ser rápidos em discernir<br />

nossos próprios males do que os males de outrem.<br />

O segundo erro está na excessiva severidade. Nem bem uma pessoa<br />

foi tocada pela mão divina e já concluímos que isso é suficiente<br />

prova de ódio mortal, e convertemos pequenas ofensas em crimes e<br />

quase perdemos a esperança de sua salvação. Ao contrário disso, ao<br />

atenuarmos nossos pecados, raramente pensamos que cometemos as<br />

mesmas pequenas ofensas, quando estamos cometendo um crime extremamente<br />

grave.<br />

O terceiro erro é quando falhamos neste aspecto: pronunciamos<br />

condenação sobre todos, sem exceção, aos quais Deus visita<br />

com a cruz ou com tribulação. 1 O que acabamos de dizer é indubitavelmente<br />

real, a saber, que todas nossas aflições são oriundas do<br />

pecado, Deus, porém, aflige seu povo por várias razões. Pois visto<br />

que há algumas pessoas cujos delitos ele não castiga neste mundo,<br />

mas cujo castigo ele prorroga até a vida futura, a fim de que ele as<br />

aflija com tormentos muito mais terríveis, assim ele frequentemente<br />

trata seu povo crente com maior severidade, não porque tenham<br />

pecado mais gravemente, mas para que mortifiquem os pecados da<br />

carne para o futuro. Algumas vezes ele também não leva em conta<br />

seus pecados, mas apenas prova sua obediência, ou os treina na<br />

1 “Par croix ou tribulation”.

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