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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 1 • 47<br />

sem aquele conhecimento de Cristo oriundo do ouvir o evangelho. Assim,<br />

Cristo se nos oferece através do evangelho, e nós o recebemos<br />

mediante a fé.<br />

13. Os quais não nasceram do sangue. 12 Endosso de bom grado<br />

a opinião dos que pensam que essa é uma referência indireta à presunção<br />

perversa dos judeus. A preeminência de sua linhagem estava<br />

sempre a bailar em seus lábios, como se fossem inerentemente santos<br />

só porque haviam nascido de uma descendência santa. Poderiam com<br />

toda razão orgulhar-se de que haviam descendido de Abraão, caso fossem<br />

filhos legítimos, e não filhos degenerados. Mas a glória da fé não<br />

reivindica absolutamente nada para a geração carnal, senão que declara<br />

que ela recebeu tudo o que é bom unicamente da graça divina. <strong>João</strong>,<br />

portanto, está afirmando que aqueles gentios imundos que creem em<br />

Cristo não são filhos de Deus por procederem do ventre, mas que começam<br />

a ser filhos de Deus quando são recriados por ele. Tudo indica<br />

que sangue foi expresso no plural – sangues – com o fim de realçar a<br />

ideia de uma longa sucessão de linhagem. Pois uma parte da vanglória<br />

dos judeus consistia no fato de poderem eles traçar sua descendência<br />

através de uma linhagem ininterrupta até chegar aos patriarcas.<br />

Nem da vontade da carne, nem da vontade do homem. Em minha<br />

opinião, ambas as frases tem o mesmo sentido. Porquanto não<br />

vejo por que carne deva ser considerada equivalente a mulher (como<br />

muitos supõem, entre os quais Agostinho). O Evangelista está simplesmente<br />

reiterando a mesma ideia com palavras diferentes, com o fim de<br />

imprimi-la e fixá-la mais indelevelmente em nossas mentes. E mesmo<br />

que ele estivesse pensando especificamente nos judeus, que se gloriavam<br />

na carne, pode-se depreender uma doutrina geral deste versículo,<br />

a saber: que somos reconhecidos como filhos de Deus, não por conta<br />

de nossa própria natureza, nem por nossa própria iniciativa, mas porque<br />

o Senhor nos gerou voluntariamente [Tg 1.18], ou seja, com base<br />

12 Aqui nosso autor, ou de propósito ou inadvertidamente, adotou a frase do sangue, em vez<br />

do que ele seguiu em sua versão do texto de sangues – a tradução literal, ainda que não<br />

idiomática, de ἐξ αἱμάτων, que por si só é de rara ocorrência, porém não destituída de<br />

autoridade clássica.

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