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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 3 • 131<br />

Poder-se-ia perguntar se Cristo se compara à serpente por haver<br />

alguma semelhança entre eles, ou se ele tinha em mente um sacramento<br />

na mesma forma que era o maná. Pois ainda que o maná fosse<br />

fisicamente desejável, Paulo declara que o mesmo constituía um mistério<br />

espiritual [1Co 10.3]. Creio que se deu o mesmo com a serpente<br />

de bronze, à luz desta passagem e também porque foi preservada para<br />

a posteridade até que fosse transformada num ídolo pela superstição<br />

do povo. Se alguém pensa em outros termos, não insistirei no assunto.<br />

16. Porque Deus amou o mundo de tal maneira. Cristo mostra<br />

a causa primeira e, por assim dizer, a fonte de nossa salvação. E ele<br />

procedeu assim para que não pairasse dúvida alguma, pois não existe<br />

nenhum céu calmo onde nossas mentes possam repousar enquanto<br />

não nos aproximarmos do gracioso amor de Deus. Toda a substância<br />

de nossa salvação não deve ser buscada em alguma outra fonte além<br />

de Cristo, e por isso devemos descobrir por que meios Cristo nos emana<br />

e por que ele foi oferecido como nosso Salvador.<br />

Ambos os pontos nos são claramente afirmados aqui – que a fé em<br />

Cristo vivifica tudo, e que Cristo trouxe vida porque o Pai celestial não<br />

deseja que a raça humana, à qual ele ama, pereça. E esta sequência<br />

deve ser cuidadosamente observada, pois tal é a ímpia e inerente ambição<br />

de nossa natureza que, quando ponderamos sobre a origem de<br />

nossa salvação, de pronto invadem nossa mente diabólicas imaginações<br />

acerca de nossos méritos pessoais. Por conseguinte, imaginamos<br />

que Deus nos é favorável porque nos tem considerado dignos de seu<br />

respeito. A Escritura, porém, por toda parte enaltece sua misericórdia<br />

que pura e simplesmente abole todo e qualquer mérito.<br />

E as palavras de Cristo não têm outro sentido, quando ele diz que<br />

a causa está no amor de Deus. Pois, se quisermos ir além disso, o Espírito<br />

nos impede com a declaração de Paulo, a saber, que este amor<br />

tinha por fundamento o “beneplácito de sua vontade” [Ef 1.5]. E é claro<br />

que Cristo falou isso com o fim de desviar os olhos dos homens de si<br />

para, exclusivamente, a misericórdia de Deus. Tampouco declara ele<br />

que Deus se moveu a nos salvar por divisar em nós algo merecedor de

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