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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 6 • 299<br />

qual ele quer dizer que não há outra razão pela qual Deus atrai, senão<br />

porque ele nos ama por sua livre graça. Pois o que obtemos pelo dom<br />

e graça de Deus, ninguém conquista por si mesmo, através de seu próprio<br />

engenho.<br />

66. Desde então muitos de seus discípulos recuaram. O evangelista<br />

então relata o problema que aquele sermão acarretou. É algo terrível<br />

e monstruoso que um convite tão bondoso e gracioso estendido por<br />

Cristo houvesse alienado as mentes de tantos, especialmente daqueles<br />

que haviam anteriormente professado lhe pertencer, e ainda foram seus<br />

discípulos ordinários. Mas este exemplo nos é mantido como por um<br />

espelho, por assim dizer, no qual possamos perceber quão grande é a<br />

perversidade e ingratidão dos homens que convertem uma estrada plana<br />

numa ocasião de tropeço para si, com o intuito de não irem a Cristo.<br />

Muitos diriam que teria sido melhor que um sermão desse gênero jamais<br />

tivesse sido enunciado, o qual ocasionou a apostasia de muitos.<br />

Mas é preciso que formulemos um ponto de vista amplamente diferente,<br />

porque então se fazia necessário, e agora é diariamente necessário, que<br />

aquilo que fora previsto concernente a Cristo fosse percebido em sua<br />

doutrina, isto é, que ele é a pedra de tropeço [Is 8.14].<br />

Aliás, devemos regular nossa doutrina de tal maneira que ninguém<br />

se escandalize por nossa causa. Quanto for possível, devemos<br />

reter tudo, e, em suma, devemos tomar cuidado para que, inconsideradamente<br />

ou à revelia, 58 não perturbemos as mentes ignorantes ou<br />

fracas. Mas jamais nos será possível exercer tanta prudência ao ponto<br />

de a doutrina de Cristo não mais ser escândalo a muitos, porque os<br />

réprobos, que estão devotados à destruição, sorvem veneno do mais<br />

saudável alimento e fel do mel. O Filho de Deus indubitavelmente sabia<br />

muito bem o que era útil e, todavia, vemos que ele não pôde evitar 59<br />

dirigir ofensa a muitos de seus discípulos. Seja qual for, pois, a aversão<br />

que muitas pessoas nutram pela doutrina pura, contudo não temos<br />

a liberdade de suprimi-la. Basta que os mestres da Igreja se lembrem<br />

58 “Inconsiderément, ou à la volee”.<br />

59 “Il ne peut eviter”.

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