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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 3 • 123<br />

para Deus. Igualmente estranha ao pensamento de Cristo é a sugestão<br />

de Agostinho, ou seja, que o Espírito de Deus opera como lhe apraz.<br />

Crisóstomo e Cirilo têm algo melhor, ou seja, que a comparação é tomada<br />

do vento e se aplica a esta passagem assim: embora sua força<br />

seja sentida, sua origem e causa são ocultas. Ainda que não discorde<br />

muito da opinião deles, contudo tentarei explicar o pensamento de<br />

Cristo mais clara e solidamente.<br />

Meu ponto de partida é o fato de Cristo tomar por empréstimo<br />

uma comparação da ordem da natureza. Nicodemos considerou incrível<br />

o que ouvira acerca da regeneração e da nova vida, porquanto o<br />

modo dessa regeneração ia além de sua compreensão. Com o fim de<br />

resolver tal sorte de dificuldade, Cristo lhe ensina que mesmo na esfera<br />

da vida física nos deparamos com o maravilhoso poder de Deus,<br />

cujo princípio está oculto. Pois todos recebem do ar sua respiração vital,<br />

ainda que o movimento do ar nos seja imperceptível. Contudo, não<br />

sabemos donde ele vem nem para onde vai. Se nesta vida frágil e transitória<br />

Deus age tão poderosamente que nos arranca admiração à vista<br />

de seu poder, quão absurdo é querer medir, pela tacanha apreensão<br />

de nossa mente, sua operação secreta na vida celestial e supernatural,<br />

não crendo em nada mais além daquilo que vemos!<br />

Portanto, quando Paulo explode com indignação contra aqueles<br />

que rejeitam a doutrina da ressurreição, com base na aparente impossibilidade<br />

de um corpo que ora se acha sujeito à putrefação ser outra<br />

vez revestido com a bem-aventurada imortalidade, depois de se achar<br />

reduzido a pó e a nada, ele os reprova, acusando-os de estupidez em<br />

não considerarem o similar poder de Deus que age num grão de trigo.<br />

Porquanto a semente não germina enquanto não chega ao estágio de<br />

putrefação [1Co 15.36,37].<br />

Eis aqui a portentosa sabedoria que arrancou de Davi exclamação<br />

no Salmo 104.24. Portanto, são extremamente estúpidos aqueles<br />

que, ante a inspiradora ordem comum da natureza, não elevando um<br />

pouco mais alto sua vista para reconhecerem que a mão de Deus é<br />

muito mais poderosa no reino espiritual de Cristo. Além disso, quando

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