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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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292 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

um sermão com um tema relevante e importante. Mas imediatamente<br />

se deduz que dentre tão numerosa multidão havia bem poucos que<br />

extraíram algum proveito dele. O que é pior: provou-se ser a ocasião<br />

de deserção de muitos que professavam ser discípulos de Cristo. Se o<br />

evangelista dissesse que apenas alguns deles se escandalizaram, isso<br />

já teria sido monstruoso. Quando, porém, se levantam em multidões e<br />

conspiram juntos contra ele, que nome daremos a esse ato? Que esta<br />

narrativa, pois, seja impressa profundamente em nossas mentes, para<br />

que jamais murmuremos contra Cristo quando ele falar. E se na atualidade<br />

percebermos alguma coisa desse gênero em outros, que sua<br />

soberba não perturbe nossa fé.<br />

60. Dura palavra é essa. Ao contrário, a aspereza estava em seus<br />

corações, e não no discurso. Os réprobos, porém, estão acostumados<br />

a extrair pedras para se ferir. E quando, por sua empedernida obstinação,<br />

se precipitam contra Cristo, queixam-se dizendo que sua palavra<br />

é áspera, a qual deveria antes os ter amaciado. Pois todos quantos se<br />

submetem, com genuína humildade, 51 à doutrina de Cristo, não achará<br />

nela nada que seja áspero ou desagradável. Para os incrédulos, porém,<br />

que se opõem com obstinação, ela será como um martelo que despedaça<br />

a penha, como o profeta a chama [Jr 23.29]. Visto, porém, que a<br />

mesma dureza é natural a todos nós, se julgarmos a doutrina de Cristo<br />

segundo nossos sentimentos, sua palavra não passará de afirmações<br />

estranhas e incríveis. 52 Tudo o que nos resta fazer, pois, é que cada<br />

um nós se entregue à orientação do Espírito, para que ele imprima em<br />

nossos corações o que de outra forma jamais entraria nem mesmo em<br />

nossos ouvidos.<br />

Quem a pode ouvir? Aqui visualizamos a pavorosa perversidade<br />

dos incrédulos, pois aqueles que ímpia e vilmente rejeitam a<br />

doutrina da salvação, não satisfeitos com escusar-se, têm a audácia<br />

de pôr o Filho de Deus no lugar deles como se sua fosse a culpa,<br />

e declarar que ele é indigno de ser ouvido. E assim, nos dias atu-<br />

51 “En vraye humilité”.<br />

52 “Estranges et incroybles”.

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