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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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166 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

que não mais caísse em equívoco concernente ao modo de cultuar a<br />

Deus. É como se ela inquirisse de Deus mesmo quanto à maneira que<br />

ele escolheu para ser adorado, pois nada é mais perverso do que inventar<br />

vários métodos de culto sem a autoridade da Palavra de Deus.<br />

É bem notório que houve constante controvérsia entre os judeus<br />

e os samaritanos sobre a verdadeira norma de se cultuar a Deus. Ainda<br />

que os filhos de Cute e outros estrangeiros, os quais foram trazidos<br />

para Samaria quando as dez tribos foram levadas para o cativeiro,<br />

fossem constrangidos pelas pragas e castigos divinos 6 a adotar as cerimônias<br />

da lei e a professar o culto do Deus de Israel (como lemos em<br />

2Rs 17.27), todavia a religião que haviam aprendido era imperfeita e<br />

corrompida de muitas maneiras, o que os judeus de modo algum toleravam.<br />

Mas a controvérsia se tornou ainda mais acirrada depois que<br />

Manassés, filho do sumo sacerdote <strong>João</strong>, e irmão de Jado, edificou o<br />

templo no monte Gerizim, quando Dario, o último rei persa, manteve o<br />

governo da Judéia nas mãos de Sambalá, a quem ele colocou ali como<br />

seu lugar-tenente. Pois Manassés, tendo se casado com uma filha do<br />

governador, para que não fosse inferior ao seu irmão, fez-se sacerdote<br />

ali, e granjeou para si, por meio de subornos, tantos apóstolos quanto<br />

pôde, como relata Josefo (Antiguidades XI.vii.2, e viii.2).<br />

Nossos pais adoraram neste monte. Os samaritanos daquele tempo<br />

agiam, como depreendemos das palavras da mulher, de acordo com<br />

o costume daqueles que apostataram da genuína piedade, buscando<br />

escudar-se nos exemplos dos Pais. É certo que isso não constituía razão<br />

plausível para induzi-los a oferecer sacrifícios ali, mas depois de<br />

arquitetar um culto falso e perverso, obstinação imitada, com justificativas<br />

engenhosas e bem maquinadas. Reconheço, aliás, que os homens<br />

desprevenida e impensadamente às vezes se deixam excitar por zelo insensato,<br />

como se tivessem sido golpeados por um moscardo, de modo<br />

que, quando descobrem que alguma coisa foi praticada pelos Santos,<br />

de repente se aferram a tal exemplo sem qualquer exercício da razão.<br />

6 “Par les playes et punitions de Dieu.”

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