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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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68 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

a principal, da qual dependem todas as demais, é aquela que, ao apaziguar<br />

a ira de Deus, ele nos leva a sermos considerados justos e puros.<br />

A fonte de todos os mananciais de bênçãos consiste em que, não nos<br />

imputando nossos pecados, Deus nos recebe em seu favor. Consequentemente,<br />

<strong>João</strong>, com o intuito de nos levar a Cristo, começa com o<br />

perdão gratuito dos pecados, o qual só obtemos através dele.<br />

Pelo termo Cordeiro há uma alusão aos antigos sacrifícios da lei.<br />

Ele estava tratando dos judeus que estavam acostumados com os<br />

sacrifícios e não podiam ser instruídos sobre satisfação de alguma<br />

outra forma, a não ser que tivessem um sacrifício como mediação.<br />

Mas como havia vários tipos, ele emprega sinédoque. Provavelmente,<br />

<strong>João</strong> esteja pensando no Cordeiro Pascal. A questão primordial é que<br />

<strong>João</strong> empregou uma forma de expressão que era mais eficaz e viva<br />

para instruir os judeus. Assim como hoje, através do rito do batismo<br />

entendemos melhor o que significa o perdão de pecado através do<br />

sangue de Cristo, quando ouvimos que, por meio dele, somos lavados<br />

e purificados de todas as nossas imundícies. Ao mesmo tempo,<br />

como os judeus comumente mantinham noções supersticiosas acerca<br />

dos sacrifícios, propositalmente ele corrige o erro, lembrando-lhes o<br />

objetivo designado em relação a todos eles. Era um áspero abuso do<br />

sacrifício, quando se depositava confiança nos sinais externos. Portanto<br />

<strong>João</strong>, pondo Cristo em realce, testifica que ele é o Cordeiro de<br />

Deus, querendo dizer com isso que, quaisquer que fossem as vítimas<br />

que os judeus usassem para oferecer, sob o regime da lei, não tinham<br />

absolutamente poder algum para expiar os pecados; ao contrário, não<br />

passavam de figuras cuja realidade era revelada em Cristo mesmo.<br />

Que tira o pecado do mundo. <strong>João</strong> expressa [pecado] no singular,<br />

denotando algum gênero de iniquidade, como se ele quisesse dizer<br />

que Cristo remove toda sorte de injustiça que aliena os homens de<br />

Deus. E ao dizer: o pecado do mundo, ele estende essa benevolência<br />

indiscriminadamente a toda a raça humana, para que os judeus não<br />

imaginassem que o Redentor fora enviado exclusivamente a eles. À<br />

luz desse fato, inferimos que o mundo inteiro está submetendo-se à

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