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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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398 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

outros, estrábicos, outros, totalmente cegos, e ainda outros, com um<br />

corpo deformado, mas em vez de reverenciarem, como se deve fazer,<br />

os juízos secretos de Deus, queriam ter uma razão concreta em suas<br />

obras. E assim, através de sua temeridade caíam naquelas estultícias<br />

pueris, chegando a crer que a alma, quando tiver completado o ciclo<br />

da vida, se transmigra para um novo corpo, e aí suporta o castigo devido<br />

àquela vida que já passou. Tampouco os judeus de nossos dias<br />

se envergonham de proclamar esse sonho pueril em suas sinagogas,<br />

como se o mesmo fosse uma revelação celestial.<br />

Por esse exemplo somos instruídos que devemos munir-nos de<br />

excessiva prudência para não impor nossas inquirições aos juízos<br />

divinos além da medida da sobriedade, para que as divagações e erros<br />

de nosso entendimento não nos apressem nem nos mergulhem<br />

em terríveis abismos. Era realmente monstruoso que um erro tão<br />

grosseiro encontrasse guarida no seio do povo eleito de Deus, em<br />

cujo seio a luz da sabedoria celestial foi acesa pela Lei e pelos Profetas.<br />

Mas se Deus castigou tão severamente sua presunção, nada nos<br />

é melhor, ao considerarmos as obras de Deus, que esta modéstia:<br />

quando a razão delas está oculta, nossas mentes se prorrompem<br />

em admiração e nossas línguas imediatamente exclamarão: “Tu és<br />

justo, ó Senhor, e teus juízos são retos, ainda que não sejam compreendidos”.<br />

Não é sem razão que os discípulos formulassem a pergunta: Seus<br />

pais pecaram? Pois ainda que o filho inocente não seja punido pelo<br />

erro de seus pais, senão que a alma que pecar, também morrerá [Ez<br />

18.20], contudo não é uma ameaça fútil que o Senhor lance os crimes<br />

dos pais no regaço dos filhos, e os vinga até a terceira e quarta geração<br />

[Êx 20.5]. E assim com frequência sucede que a ira de Deus repousa<br />

sobre uma casa durante muitas gerações, e visto que ele abençoa os<br />

filhos dos crentes em virtude de seus pais, assim ele também rejeita<br />

uma prole perversa, destinando os filhos, com um castigo justo, à mesma<br />

ruína de seus pais. Tampouco pode alguém queixar-se, por essa<br />

conta, que é injustamente punido por conta do pecado de outra pes-

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